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José Geraldes


Salve Belmonte, Salve Cabral,
Salve Brasil!

"As armas e os Barões assinalados/Que, da Ocidental praia Lusitana/Por mares nunca dantes navegados/Passaram ainda além da Taprobana/(...) E aqueles que por obras valerosas/Se vão da lei da Morte libertando:"/Cantando espalharei por toda a parte,/Se a tanto me ajudar o engenho e a arte".
Assim começa Camões Os Lusíadas para imortalizar a epopeia dos portugueses no mundo. No Canto Décimo, a descoberta do Brasil e Pedro Álvares Cabral são explicitamente referidos: "Vedes a grande terra que contina(...)/Mas cá onde mais alarga, ali tereis/Parte também, co'o pau vermelho nota;/De Santa Cruz o nome lhe poreis;/Descobri-la-à a primeira vossa frota".
Foi esta primeira frota comandada por Pedro Álvares Cabral que, a 22 de Abril de 1500, a uma quarta-feira de Páscoa, ancorou em Porto Seguro. à nova terra descoberta, Cabral deu o nome de Terra de Vera Cruz, o Brasil. Pero Vaz de Caminha, testemunha presencial, descreve em carta que se tornou célebre ao rei de Portugal, as características gerais do país e das suas gentes. Quatro dias mais tarde, a 26 de Abril, é celebrada a primeira Missa na nova terra, por Frei Henrique de Coimbra, em Coroa Vermelha, em Santa Cruz de Calábria.
Nesse mesmo dia e no mesmo local, volvidos 500 anos, uma concelebração comemorativa presidida pelo Cardeal Solano, legado do Papa, com a participação de 500 bispos do Brasil, assinala o acontecimento.
Belmonte, a 26 de Abril, homenageia de forma especial o seu filho mais ilustre e grande navegador português, para além dos actos que, antes desta data já se realizaram e dos outros que se seguirão, com destaque para "uma recriação quinhentista" no próximo dia 5 de Agosto, como anuncia o presidente da Câmara Dias Rocha. (Ver Suplemento Especial)
A celebração desta data, longe de ser apenas uma recordação emocional do passado, tem significado ímpar para Belmonte. Dias Rocha salienta que "Belmonte começa a ser um ponto de referência para todos os que passeiam pelo País". Além disso, "o movimento em torno da descoberta do Brasil pode ser importante para o concelho, no sentido de se ganharem apoios para os projectos que se querem implantar para promover o desenvolvimento".
A Casa Cabral de Belmonte em Calábria em construção pelo município da vila do navegador, transforma-se numa iniciativa que pode criar laços especiais não só com os municípios vizinhos mas inclusive influenciar as relações culturais Portugal-Brasil. A Fundação da Descoberta, com sede em Belmonte, apresenta-se como elemento importante em sintonia com a Casa de Cabral para um relacionamento mais aprofundado.
Serão estes desejos, manifestações apenas de boa vontade em linguagem retórica do momento? Não cremos. E, como diz Fernando Pessoa, "tudo vale a pena, se a alma não é pequena".
E nem a sombra da ausência do presidente do Brasil, Fernando Henrique Cardoso, nos actos comemorativos realizados em Belmonte deve tirar ânimo aos conterrâneos de Pedro Álvares Cabral. Com razão escreve Manuel Marques: "Quanto mais cómodo é, para a organização de visita do Presidente do Brasil a Portugal, nas celebrações dos 500 anos do descobrimento do Brasil, ficar a ver navios, caravelas, regatas, com meios completos e sofisticados para uma reportagem que, por vezes, nem assunto tinha para transmitir e interessar".
Nesta hora de festa, a esperança também tem o seu lugar. E a justiça decerto um dia virá.
Belmonte, com estas celebrações, não pode cair no esquecimento nem ser ignorada. Se, segundo a tradição, a Senhora da Esperança acompanhou Pedro Álvares Cabral, a hora de Belmonte há-de chegar. Basta um pouco de vontade política dos homens e dos governantes. E com Belmonte, ganhará a Cova da Beira e o Interior beirão.
Belmonte tem direitos históricos que ninguém lhos pode tirar. E Pedro Álvares Cabral é uma figura que não pode apagar a memória da sua terra.
Salve, Belmonte. Salve, Pedro Álvares Cabral. Salve Brasil!





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