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Presume-se que o quadro descoberto por Vitor Serrão remonte a 1535-1540: uma preciosidade que jazia até agora na Igreja de Aldeia Viçosa

 

Polémica

Apesar das certezas demonstradas por Vítor Serrão, estas estão longe de ser consensuais entre a comunidade científica. As opiniões dividem-se e há muitos historiadores e estudiosos que questionam a seriedade da revelação.
Há mesmo quem defenda que a obra descoberta na Aldeia Viçosa seja proveniente de uma oficina regional de Viseu do século XVI, chegando mesmo a dar um nome ao seu criador: Gaspar Vaz, um seguidor de Grão Vasco.
Mas as acusações a Vítor Serrão surgem sobretudo do facto de não ter resistido à "fácil" tentação de atribuir o quadro a Grão Vasco sem primeiro o ter submetido a métodos avançados, já disponíveis no nosso País, que permitem analisar a pintura a níveis de profundidade imperceptíveis ao olho humano, atingindo os primeiros traços e a origem real da obra analisada. Sem ter recorrido a esta técnica - reflectografia de infra-vermelhos - há quem acredite que Vítor Serrão se precipitou.


Descoberta do historiador Vítor Serrão
Aldeia Viçosa "esconde" quadro de Grão Vasco

O historiador Vitor Serrão descobriu, por mero acaso, um quadro do pintor renascentista Grão Vasco. A pintura, que se encontra na Igreja de Aldeia Viçosa, vai agora ser analisada em pormenor.

Um dos quadros do pintor Grão Vasco foi identificado na Igreja de Aldeia Viçosa, casualmente, por Vitor Serrão, historiador de arte e docente da Faculdade de Letras de Lisboa.
A pintura a óleo sobre madeira de castanho, com as dimensões de 1,40 por 1,35 metros, representa a Virgem, o Menino e Anjos Músicos. Figuras que levam a concluir que o quadro remonte ao período de 1535-1540.
Crê-se que a peça possa ter sido encomendada pelo bacharel Estevão de Matos, promotor de justiça na Guarda, criado de D. João III, que jaz na Igreja de Aldeia Viçosa.
Após a sua descoberta, Vitor Serrão atribui a obra de Grão Vasco ao tempo em que a sua actividade era particularmente estimulada pelos valores humanísticos do seu mecenas, D. Miguel da Silva, antigo Bispo de Viseu.
A pintura vai agora ser tema de uma intervenção do conhecido historiador num colóquio agendado para o Museu do Louvre, onde vão estar presentes especialistas mundiais da história da arte, nomeadamente da área da pintura.

Falta inventário

A directora do Museu da Guarda, Dulce Helena Borges, afirma, sobre a obra que entretanto veio a público, que "toda a gente sabia que se tratava de uma boa pintura quinhentista". E continua: "De facto, só o olhar atento e habituado a analisar pinturas deste tempo, como é o caso de Vitor Serrão, podia identificar de imediato a obra."
Para esta responsável, "surpresas deste tipo são sempre bem vindas", no entanto, sublinha que levantam uma questão crucial: a necessidade de levar a cabo um inventário dos bens culturais móveis e imóveis do nosso País. Processo que, na perspectiva da directora do Museu, tem sido bastante lento.
No caso concreto da Guarda, sobretudo no que diz respeito ao património da Diocese, não foi promovida a deslocação de nenhuma equipa de especialistas com o objectivo de efectuar esse inventário. "Se essa equipa estivesse a trabalhar no distrito, o quadro já teria sido identificado e classificado", argumenta Helena Borges.
A directora do Museu da Guarda considera, ainda, que o lugar do quadro agora descoberto continua a ser a Igreja de Vila Viçosa, uma vez que se integra no conjunto retabular que decora a Capela-Mor.
A localidade integra, a partir de agora, o circuito nacional de pintura de Grão Vasco e da pintura do período quinhentista.

NC / Urbi et Orbi






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