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Produtores reúnem com o Governo
Tabaco em "perigo iminente"

Recebidos pelo secretário de Estado, Luís Vieira, os produtores de tabaco de Idanha-a-Nova dizem que a extinção da cultura em Portugal é um risco cada vez mais real.

O Ministério da Agricultura, representado pelo secretário de Estado dos Mercados Agrícolas e Qualidade Alimentar, Luís Vieira, recebeu em audiência, ontem, quinta-feira, 11, representantes da Associação de Produtores de Tabaco (APT) de Idanha-a-Nova.
Em conjunto com a AGROTAB, S. A. - Empresa de primeira transformação das ramas de tabaco, com a Associação de Regantes e Beneficiários idanhense e com as Caixas de Crédito Agrícola Mútuo de Castelo Branco e Idanha, a APT apresentou ao membro do Governo os receios dos produtores quanto à anunciada modulação das ajudas directas comunitárias.
No documento entregue a Luís Vieira, a delegação dá conta da irrelevância das medidas governamentais para responder às necessidades dos agricultores e volta a referir o "perigo iminente" da liquidação da cultura, a curto prazo, em Portugal. "Mais de 50 por cento dos associados da APT recebem em média cerca de 35 mil contos, mas, segundo a proposta do executivo, a cada agricultor são retirados quatro mil contos. Valor que cresce rapidamente a partir dos 30 mil", considera a Associação. E continua: "A primeira bonificação prevista, que inclui o tabaco e o azeite, é demasiado exígua para ser relevante nas futuras decisões dos produtores afectados. Por exemplo, para um montante de 3.938 contos de dedução, recebe-se uma bonificação de 788 contos". Mais grave, continuam os produtores associados, é o facto da segunda bonificação, praticamente, não atingir o tabaco. "Para um montante de 30 mil contos de ajudas directas o produtor necessitaria de ter 24 trabalhadores permanentes. Como todos sabem, nesta área, o emprego é, sobretudo, sazonal, embora as pessoas, geralmente, trabalhem mais de seis meses por ano", conclui a APT.

"Ministério age com ligeireza"

Por tudo isto, a Associação acusa o Ministério de estar a agir com "alguma ligeireza" ao perigo real da liquidação da cultura. Duas razões fundamentam a posição dos produtores: "Em primeiro lugar, existe um programa de resgate de quotas de produção de tabaco pela Comissão Europeia, que rapidamente, pode multiplicar as 300 toneladas candidatas a resgate no ano de 99. Em segundo, basta que os 10 maiores produtores afectados decidam vender as respectivas quotas à Comissão Europeia, para que a produção nacional se veja amputada em cerca de 1400 toneladas".
No caso de este cenário se verificar, a APT avisa que dificilmente se poderá manter em laboração a única unidade de transformação existente no continente e pede tratamento igual ao concedido à cultura do tomate. "Esta está dimensionada para processar 10 mil toneladas, mas trabalha regularmente com 6000. O que, obviamente, aumenta os custos de transformação. Isto leva a que, a possível saída de apenas 10 produtores ponha imediatamente em risco a totalidade do sector, pois é impensável continuar-se a cultivar sem transformadora", sublinha a direcção da Associação.

NC / Urbi et Orbi

 

 
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