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Às portas da Benção das Fitas
Traje sem lei

POR CRISTINA MENDES

Usar o traje com botas altas ou meias bege são algumas das infracções que levaram à revisão do código do traje da Universidade da Beira Interior (UBI). Uma tentativa da Associação de Estudantes (AAUBI) de impor regras definitivas e acabar com o desrespeito contínuo dos alunos a este símbolo da Universidade.

A uniformização da Academia, sem qualquer distinção social ou monetária, é o objectivo ancestral da criação do traje académico. Um objectivo que, no entanto, não tem sido alcançado pela UBI. Vista deste prisma, a imagem da Universidade é bastante heterogénea. Uma heterogeneidade que não passa despercebida à cidade da Covilhã. "Quando comprei estes sapatos a dona da sapataria comentou que achava muito estranho que algumas pessoas usem botas quando trajam", conta Maria Emília Baltazar, membro da Comissão da Revisão do Código do Traje. Com a criação desta Comissão, a AAUBI pretende encontrar a melhor forma de tornar o Traje uniforme, procedendo às alterações necessárias e estabelecendo um código claro e definitivo.
O traje actual entrou em vigor em 1996, de forma a identificar a universidade com a região e as suas tradições. Até então vestia-se o modelo de Coimbra, utilizado desde os tempos do Instituto Superior Politécnico.
Mas esta curta vida "não justifica o desrespeito constante, porque as regras sempre existiram", assegura a responsável pela revisão do código, que acrescenta, indignada, que "neste momento as pessoas fazem o que bem lhes apetece".

Botas de cowboy e gravatas da UBI

Não combinam com o traje, mas existe quem discorde e participe assim em actividades académicas. Trajes masculinos adulterados que deixaram de queixo caído os defensores do código mas passaram despercebidos entre a confusão. Se alguns casos são considerados flagrantes, outros há que já são comuns, como o uso de maquilhagem. No caso do traje feminino, o problema maior são os sapatos, das mais variadas formas e feitios, embora o modelo seja especificado no código actual: clássico, liso, sem qualquer tipo de aplicações metálicas e com salto entre dois a quatro centímetros. Outro exemplo é o abuso dos símbolos e dos pin's, apesar de o código permitir apenas quinze.
Maria Emília Baltazar defende uma fiscalização apertada, "exercida por todos" e não por um orgão específico. "Temos que ser nós a agir, enquanto Academia, e intimidar todos os que desrespeitam as regras". À luz do actual código, desrespeitar o traje é motivo para tribunal de praxe, embora na UBI nunca ninguém tenha sido julgado por isso. "Quem defende a tradição não pode esperar que outros ajam; devemos denunciar o infractor, expô-lo ao ridículo. O código está em revisão mas existe e continua em vigor", garante Maria Baltazar.

Benção é ponto crítico

O mês de Maio é o mês da Benção, cerimónia onde se verificam inúmeras irregularidades. " Desde calças de ganga, meias bege a pastas com fitas de todas as cores, são muitas as aberrações". Um fenómeno atribuído à falta de uso, pois "a maioria das pessoas acaba por utilizar o traje apenas neste tipo de cerimónias", conclui Maria Emília.
Apesar de o traje não ser obrigatório na cerimónia, a AAUBI pretende que quem participa cumpra minimamente as regras. "Que use a capa, pelo menos, para se transmitir uma imagem uniforme às famílias", aconselha.
Muitos dos infractores não desrespeitam conscientemente o código. Na verdade, este nunca foi totalmente implantado junto dos alunos. São muitas as versões sobre o que se pode ou não usar e como o usar, mas a técnica mais usual é seguir as tendências do grupo de amigos que se frequenta. Afinal, em Roma sê romano.

Informação insuficiente

A informação sobre a forma correcta de trajar não é muita mas existe. A AAUBI publicou dois desdobráveis, um descritivo e o outro com todas as regras necessárias, em 1996, quando se adoptou o traje actual. No entanto, este último foi retirado por não ser muito claro. "Existe falta de divulgação mas quem está interessado deve procurar a AAUBI para os devidos esclarecimentos", diz Maria Emília Baltazar. O trabalho da Comissão está avançado e contam apresentar resultados antes do fim do ano lectivo. A edição de um guia do traje pela AAUBI, que será distribuído pela Associação ou adquirido no momento da compra do traje, será uma das medidas a implementar.

 

 
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