Segundo Seminário Luso-Espanhol de Economia Empresarial
Universidades mais próximas das Empresas

A Universidade é uma instituição fundamental ao apoio e à criação de iniciativas empresariais. Foi esta a conclusão a que chegaram os docentes e investigadores presentes no segundo seminário luso-espanhol de Economia Empresarial que decorreu na passada sexta feira, 24 de Novembro, no pólo IV da Universidade da Beira Interior.

 Por Nélia Sousa

Investigadores espanhóis
analisam situação do marketing nas empresas, num debate moderado por Mário Raposo


O reitor da UBI, Manuel José dos Santos Silva, afirmou na abertura solene do segundo seminário luso-espanhol de Economia Empresarial, que decorreu no dia 24 de Novembro, que a "UBI é um dos motores mais importantes para o desenvolvimento da região em que se insere, pelos meios humanos qualificados que cria e pelo conhecimento que gera". O centro de inovação empresarial é exemplo disso. Criado com o apoio da Universidade, este centro procura promover as novas entidades empresariais e contribuir para o desenvolvimento de toda a Beira Interior.
Segundo o vice-reitor da UBI, Mário Raposo, está já a ser criado um outro novo desafio que é o Parque Tecnológico da Covilhã. De acordo com este docente este pretende ser um espaço de excelência e inovação ao serviço do desenvolvimento fundamental da região. "O objectivo é oferecer um espaço flexível, acessível, com qualidade ambiental" salienta.
Situado junto ao novo parque industrial este espaço pretende criar empresas e actividades inovadoras e fazer a promoção competitiva de bens e serviços relacionados a empresas de tecnologia avançada. Segundo Mário Raposo, o que se pretende com esta iniciativa é diversificar o tecido industrial da região, facilitar o arranque de novas empresas e incentivar uma maior ligação da universidade com o mundo empresarial.
Aliás a cooperação entre universidade e empresa foi um dos temas mais debatidos pelos investigadores presentes no seminário que explicaram que a Universidade é fundamental para fomentar a criação de projectos empresariais, de forma a tornar as empresas mais competitivas, possibilitar a criação de mais empregos e proporcionar uma maior qualidade de vida.
"A cooperação é fundamental para as pequenas e médias empresas que querem ser competitivas e, por sua vez, é fundamental para a investigação" afirmou Ricardo Mogollon da Universidade da Extremadura, adiantando ainda que "da relação entre universidade e empresa só podem sair benefícios".
Uma ideia também partilhada por Ana Maria Ussman, presidente da comissão organizadora da UBI, para quem a cooperação deve ser feita não só com universidades mas também com outras instituições e empresas. "Temos de procurar relacionamentos e estabelecer sinergias com outras universidades, saber o que fazem os outros e mostrar o que nós fazemos, discutir, criar conhecimentos para depois serem divulgados" acrescenta.
Para esta docente o intercâmbio de ideias entre diferentes universidades traz benefícios a diversos níveis porque dá uma imagem valiosa da universidade, "uma imagem de promoção e organização científica. "A imagem da universidade tem que se construir com base na produção científica e essas pessoas vieram à UBI porque estava a acontecer qualquer coisa de natureza científica onde quiseram participar" explica. Esta é, também, uma forma de dar a conhecer a universidade a pessoas "que nunca tinham vindo aqui e que muitas delas provavelmente nem sabiam que isto existia".
Para Ana Maria Ussman o balanço do seminário é positivo pois ao contrário do primeiro, que teve dimensões mais reduzidas contando apenas com 26 comunicações, este conseguiu chegar às 49 comunicações. No seu entender este tipo de iniciativas trouxe benefícios sobretudo para os alunos porque "ouviram outras pessoas de outras universidades, falar de outros problemas". Nesta perspectiva está já prevista para o próximo ano a realização do terceiro seminário que irá decorrer na última semana de Novembro em Espanha.

Região fronteiriça

Tal como a região da Extremadura a Beira Interior é uma região de fronteira que está inserida num eixo potencial de desenvolvimento, o eixo Guarda/Castelo Branco.
Para António Matos, docente na UBI, um dos grandes desafios é "articular a nossa economia raiana com a correspondente parte raiana espanhola". Um dos objectivos é conseguir que a região alcance o desenvolvimento económico, o progresso tecnológico, o progresso sócio-cultural e o crescimento demográfico de forma a obter um tecido económico saudável, forte e coeso.
Com um capital natural, sócio-cultural e humano forte a região tem, também, uma relação bastante aberta entre as instituições de ensino público superior e privado e o tecido empresarial. "Há uma relação bastante intensa. Um jogo de soma múltipla" explica.
No entanto depara-se ainda com o problema de falta de recursos humanos. Finalizado o curso muitos dos licenciados abandonam a região, voltando aos seus locais de origem ou deslocando-se para zonas mais litorais. Para isso é necessário trabalhar com mais afinco no sentido de fixar esses recursos.
No seu entender o território desempenha um papel fundamental na economia e não pode ser esquecido como acontece muitas vezes.
"É importante pensar em políticas macro-económicas mas temos de prestar atenção ao espaço e território. Esquecemos por vezes que as políticas macro-económicas têm que ser dirigidas não em abstracto para um território que é homogéneo mas têm que ser dirigidas para um território muito concreto com as suas características e potencialidades".

E agora?

As pequenas e médias empresas são hoje a estrutura representativa da economia portuguesa. Apesar disso o sonho dos licenciados continua a ser trabalhar numa grande empresa ou instituição onde possam utilizar técnicas sofisticadas.
António Gaspar, director financeiro do Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e ao Investimento (IAPMEI) refere que o seu objectivo é transmitir a imagem de que é possível fazer tudo isto também nas pequenas e médias empresas (PME). Para tal foi lançado o programa-valor. Este "pretende cativar jovens estudantes e investigadores a dedicarem-se a temas ligados ao financiamento das empresas, cativar essas pessoas a orientarem-se para temas interessantes para as PME, não só para nos apropriarmos desses resultados em prol das PME mas para tentar dirigir o interesse de jovens estudantes para aquilo que é a pequena e média empresa" afirma o director do IAPMEI.
A UBI tem vindo a desempenhar um papel também importante no que diz respeito às PME na medida em que é uma das principais pioneiras no estudo dedicado às PME em Portugal.
O Departamento de Gestão e Economia encontra-se envolvido numa rede de doutoramento europeia cujo tema é a criação e gestão de PME onde docentes da UBI estão neste momento a desenvolver os seus trabalhos. O departamento envolveu-se também num projecto apoiado e financiado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia cujo objectivo é a investigação orientada sobre pequenas e médias empresas.

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