Colóquio Internacional conclui
Imprensa Regional
ao serviço das populações

Analisado o panorama da imprensa regional, português e espanhol, os especialistas concluem que o seu papel é sobretudo servir as comunidades mais do que a rentabilidade económica. Apoios escassos e magros salários foram mais uma vez tema de discussão.

 NC/Urbi et Orbi

A imprensa regional
esteve em análise na Guarda

"A imprensa regional não obedece a uma lógica economicista. Funciona com uma lógica muito própria relacionada com o serviço à comunidade". Esta é uma das conclusões do trabalho "Comunicação Social: a imprensa" apresentado no decorrer do Colóquio Internacional que decorreu na Guarda na última sexta-feira, 1, e sábado, 2.
Subordinado ao tema "A Comunicação Regional e Local no Dealbar do Novo Milénio" este colóquio, organizado pela Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa e pela Universidade Pontifícia de Salamanca, abordou questões como "O Global e o local na comunicação regional", "Os Media no contexto regional e local", "A TV regional" a "Imprensa e rádios regionais".
Neste último contexto, o inquérito desenvolvido por Leonor Alcide de Oliveira junto da imprensa regional portuguesa permitiu concluir que "há uma grande ligação ao local e que os jornais existem para servir a população regional". A investigadora, ligada à Universidade Católica Portuguesa, referiu ao NC que "os jornais possuem características muito semelhantes no que diz respeito à tiragem", e acrescenta que "o objectivo dos jornais regionais não é ter uma grande tiragem, mas servir a população. O conteúdo dos jornais regionais e locais incide, sobretudo, nas áreas de sociedade, cultura e desporto, e ignora, regra geral, a política e a economia". Por outro lado, considera que há limitações aos incentivos para a comunicação social, as quais não favorecem o desenvolvimento dos projectos informativos que muitas vezes precisam desse apoio. "A redução no porte-pago ainda vai dificultar mais", comenta Alcide de Oliveira.

O panorama radiofónico

Fernando Cascais, do CENJOR, que centrou a sua intervenção sobre as "Funções, problemas e perspectivas do local", referiu que a televisão regional poderá ameaçar os interesses da imprensa, "onde os problemas financeiros se sobrepõem às questões de ordem editorial". Na sua comunicação, Cascais sublinha que "a força da imprensa regional pode estar na ideia de património e de memória, a par do papel como porta-voz das terras esquecidas, que chega onde os outros não chegam e conta o que os outros não contam".
Um inquérito desenvolvido junto das rádios locais dos distritos de Vila Real, Bragança, Viseu, Guarda, Castelo Branco e Portalegre, com uma amostra de 66 casos, permitiu concluir que, de um modo geral, há uma grande dependência das estações de radiodifusão relativamente ao número de colaboradores.
Nelson Ribeiro (o autor do estudo), destaca que apenas cinco por cento das rádios contactadas têm mais de 10 funcionários, e 32 por cento possuem apenas três ou quatro. O vencimento dos trabalhadores destas estações oscila entre os 65 e os 120 mil escudos e, apenas em 19 por cento dos casos, o ordenado é superior. Para Nelson Ribeiro, "o nível baixo de vencimentos torna difícil a atracção" de elementos que possam valorizar estas emissoras.

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