Alunos de Óptica querem classe regulamentada
Manifesto do NEFAO vai para a UPOOP

Está instalada a polémica entre alunos de Física Óptica e a União Profissional de Ópticos Optometristas. Tudo porque a UPOOP pretende levar a cabo Acções de Formação/Reciclagem para os profissionais em exercício sem formação específica. Na UBI e na Universidade do Minho, os alunos destes cursos estão a circular um Manifesto de recolha de assinaturas. Estão contra o modelo e temem a não distinção entre as diferentes formações

 Por Raquel Fragata

Estudantes da UBI e da Universidade do Minho contestam modelo de formação
de profissionais da área

Na UBI e também na Universidade do Minho, as únicas instituições de Ensino Superior que leccionam o curso de Física Aplicada - ramo Óptica em Portugal, os alunos estão contra a intenção da UPOOP em fazer formação para os profissionais da área, principalmente proprietários e empregados dos estabelecimentos Ópticos. Os futuros licenciados em Optometria não querem que no futuro, depois de regulamentada a profissão, venham a ser confundidas as qualificações de uns e outros. Mais, entendem que a formação deve ser académica e que, para combater a falta de pessoal qualificado, a UPOOP deverá fazer força para abrir mais licenciaturas ou bacharelatos no País, em alternativa a estas acções.
A UPOOP, no entanto, garante que não há razões para alarme e que o pretendido é dar formação profissional àqueles já em exercício da profissão. Carvalho Rodrigues, membro da Comissão Científica do Departamento de Física e do Conselho Científico da UBI, garante que os formandos não terão no final dos cursos "qualquer tipo de grau académico" e que se trata apenas de um "up-grading". A realização destas visa "o prestígio e a melhoria da Optometria em Portugal" e, defende o Professor, são necessárias pelo facto de no nosso País serem ainda muito poucos os licenciados na área. "Caso houvesse 200 licenciados não se punha a questão da formação profissional" e pede serenidade e união de estudantes e profissionais. "A questão não deve ser tratada de um forma emocional. A intenção é levar, em conjunto, esta medida até ao fim", defende Carvalho Rodrigues, também director da Escola Portuguesa de Óptica Ocular.

Legalização da profissão
difícil sem classe mais numerosa

Carvalho Rodrigues sublinha que "é de todo o interesse da UPOOP defender as licenciaturas da UBI e do Minho" e que não se trata de uma disputa entre licenciados e restante classe. "A UPOOP esteve na base da criação destes cursos e, para além de ter pago o equipamento dos laboratórios, continua a apoiar financeiramente as pós-graduações", lembra. "O problema é que o Governo nunca legalizará uma profissão com tão pouco número de licenciados em exercício" e por isso defende que ópticos e optometristas devem estar unidos.
José Ferreira, aluno do 3º ano e presidente do NEFAO - Núcleo de Estudantes de Física Aplicada- ramo Óptica, defende a necessidade de dar formação a estes trabalhadores mas, na sua opinião, esta reciclagem que a UPOOP vai abrir é "deficitária". Os estudantes querem ver esclarecidas certas dúvidas. "Depois da regulamentação estes ópticos também vão ser optometristas?" E refere "muitos deles não frequentaram sequer o 12º ano, os técnicos oculares formam-se em um ano e um contactologista em meio". José Ferreira sublinha: "A Optometria é uma licenciatura, e não uma acção de formação".
Os alunos sugerem para colmatar essa falta de preparação dos que exercem, que se criem mais licenciaturas ou até mesmo bacharelatos, mas que deêm uma "formação sólida" e não no sistema que a UPOOP pretende. "Há dois conceitos muito distintos: a Óptica e a Optometria", defende José Ferreira. O NEFAO afirma que o que está em causa é também a defesa dos interesses do consumidor. "o público tem que ter garantias da elevada formação da pessoa que o atende." Para isso defende que se criem regras semelhantes às das farmácias, onde obrigatoriamente existe um técnico...
"A nossa ideia não é entrar em guerra com ninguém. É marcar posição. Se é o número que querem criem mais licenciaturas", conclui.

Manifesto entregue à UPOOP
na reunião marcada para 4 de Janeiro

Os dois núcleos de estudantes, NEFAO e NEOUM-Núcleo de Estudantes de Optometria da Universidade do Minho, estão a completar a recolha de assinaturas para enviar à UPOOP. A reunião já tem data marcada, 4 de Janeiro. A iniciativa conjunta das duas universidades tem o apoio da Associação Profissional de Licenciados em Optometria, para quem também será enviado o documento. Outras três cópias serão entregues ao director do curso, Paulo Fiadeiro, presidente de Departamento, Rui Manuel Boucho de Oliveira, e ao Reitor Manuel Santos Silva.

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