URBI: INOVAÇÃO
E BOM SENSO
por João Correia*
Durante um ano, o URBI tem metralhado as evidências com
alguns paradoxos: pintistas que não dizem amén
a Carlos Pinto, anti-bairristas que amam Covilhã; socialistas
que acham que a palavra de Guterres não é uma revelação;
ubianos indefectíveis que acham que a perfeição
da UBI não é um dogma; Sportinguistas, portistas
e benfiquistas para quem Acosta, João Tomás e Pena
não são merecedores de salamaleques nem louvaminhas..
Em suma, uma constelação de consciências
livres.
O URBI publicou os melhores cartoons da Imprensa na Beira Interior.
Manteve sempre uma atenta página de cultura. Desafiou
poderes sem ser demagógico. Contestou evidências
aparentes sem deixar de ser construtivo. Defendeu soluções
sem ser professoral, no sentido pior que a palavra «professoral»
possa ter: bafiento e sebenteiro. Inovou (a introdução
de som) sem fazer alarde. Apostou num grupo de jornalistas talvez
inexperientes mas, por isso mesmo, mais abertos do que outros
à necessidade de aprendizagem e de experimentação.
Quase integralmente feito por estudantes de Ciências da
Comunicação, o URBI foi simultaneamente uma escola,
um laboratório e uma oficina cujos produtos finais puderam
ser vistos por uma audiência potencialmente mundial.
Finalmente, o URBI é a primeira grande experiência
levada a efeito no Interior do País de uma redacção
integralmente dedicada à publicação on-line.
Graças a este trabalho, em grande parte, assente num esforço
de «formiga», o URBI é lido desde a Covilhã
ao Canadá - como o demonstram a correpondência -,
tendo sido objecto de elogios por parte de órgãos
de referência nacionais.
Convencido, como estou, de que o jornalismo on-line e o jornalismo
assistido por computador irão ser uma constante aventura
que surpreenderão os seus próprios praticantes,
abrindo hipóteses para a reconfiguração
do espaço público e para a reestruturação
do papel do jornalismo, considero o URBI, deste modo, uma prova
da capacidade de inovação e de abertura que passa,
significativamente, por uma universidade periférica.
* Docente
de Ciências da Comunicação na UBI |