Novo calendário escolar em discussão
Alunos querem motivar professores

Os presidentes dos núcleos de curso e a direcção da Associação Académica da UBI reuniram-se na passada quarta-feira para discutir problemas relacionados com a aplicação do novo calendário escolar.

 Por Mariana Morais e Nélia Sousa

Realizou-se na semana passada mais uma reunião de núcleos. O calendário escolar esteve em discussão

O presidente da associação académica, Jorge Jacinto, confessa estar desiludido com o que se está a passar na UBI. "A questão do novo calendário escolar não é de datas mas de um conjunto de regras que não estão a ser cumpridas". Segundo o dirigente estudantil é fundamental uma maior qualidade de ensino, requisito que não existe em alguns cursos. "Há professores que estragam o trabalho de outros grandes professores", afirma. Na opinião de Jacinto é preciso que os professores sejam competentes e demonstrem elevadas capacidades pedagógicas. "Não interessa que o professor edite livros se não consegue passar os conhecimentos", conclui.
Desanimado com a falta de competência por parte de alguns docentes, o líder académico afirma ter medo de alguns vícios que se estão a criar. "Existem casos de professores que vêm dar uma aula e depois vão-se embora", declara. Esta ideia é partilhada pelo presidente do núcleo de Química Industrial e Bioquímica, UBIQuímica, Pedro Nunes, que aponta o caso de "um professor que vem de Coimbra à quarta-feira à noite, dá aulas na quinta-feira de manhã e depois de almoço vai-se embora." Esta indisponibilidade do docente conduz, na opinião do representante de UBIQuímica, a uma taxa elevada de reprovações nas disciplinas de Física e Matemática.
Por outro lado há ainda a mentalidade de que o professor tem "a faca e o queijo na mão". "Os professores chegam às aulas, expõem os critérios de avaliação e os alunos aceitam passivamente", refere Pedro Nunes.
O presidente do Conselho Pedagógico, José Manuel Santos, considera que "o professor pode ouvir o aluno mas a última palavra é do docente porque é ele o responsável pedagógico". Acrescenta ainda que o professor é obrigado a apresentar os critérios oralmente e por escrito, salvaguardando a transparência do processo.

"Férias em Janeiro?"

Referindo-se a um possível balanço da aplicação do novo calendário, o professor José Manuel Santos, afirma: "É ainda cedo para se fazer essa avaliação pois é necessário analisar os resultados da época de recurso". No entanto, refere a existência de alguns aspectos negativos. Para os alunos que entram na segunda e terceira fases do primeiro ano curricular, o primeiro semestre acaba por ficar reduzido a quatro semanas de aulas. Face a esta situação o professor é obrigado a reduzir a matéria ou, caso contrário, o aluno não tem tempo para a assimilar.
Um outro aspecto apontado por este docente, e frisado por responsáveis da UBI, é o facto da Universidade se encontrar vazia nos meses de Janeiro e Fevereiro contribuindo para uma má imagem ao nível da opinião pública. "Houve inclusive um pai de um aluno que chegou a telefonar para a Reitoria a perguntar porque é que o filho estava em casa em Janeiro", explica.
Para o presidente da AAUBI esta transição foi demasiado rápida levando a instituição a dar "um passo maior que as pernas. A universidade não quis ouvir os alunos e acha que somos carne para canhão".
No seu entender a solução poderá ser "a adopção de calendários diferenciados, transformar a Universidade em faculdades e conceber calendários diferenciados para as ciências sociais e humanas, ciências exactas e engenharias".

Drama da nota mínima

A nota mínima foi um dos problemas discutidos na reunião de núcleos. Trata-se de uma norma integrante das regras gerais de avaliação de conhecimentos descrita no Guia das Actividades Académicas. Adoptada por alguns professores como forma de aumentar a dedicação e empenho à disciplina, continua, no entanto, a ser alvo de críticas. Jacinto opõe-se à sua existência e assinala o caso da disciplina de Termodinâmica em que a nota mínima se fixou nos seis valores. Dos 600 alunos inscritos mais de 400 foram excluídos por terem classificações inferiores. " Isto faz com que muitos alunos que começam a trabalhar nunca mais acabem o curso", acrescenta. Há ainda casos de disciplinas cuja nota mínima é de doze valores, critérios que os estudantes consideram inadmissíveis.
No final da reunião a AAUBI chamou a atenção para a campanha "critérios de avaliação" que tem como lema "Continua a ir às aulas, motiva o teu professor!".

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