Iniciativa inédita
Musicoterapia chega ao Centro Hospitalar da Cova da Beira

A Santa Casa da Misericórdia do Fundão e o Centro Hospitalar da Cova da Beira assinaram protocolo que vai levar a uma maior humanização do serviço de saúde através da musicoterapia.

 Por Rita Lopes
NC/Urbi et Orbi

Manuel Correia e João Casteleiro assinam o protocolo de cooperação para musicoterapia

O Centro Hospitalar da Cova da Beira (CHCB) vai ter, ainda este ano, uma nova actividade terapêutica: a musicoterapia. A iniciativa resulta da assinatura de um protocolo de cooperação celebrado entre o Centro Hospitalar e a Santa Casa da Misericórdia do Fundão (SCMF), através da Academia de Música e Dança (ver última edição do NC). A cerimónia decorreu na terça-feira, 6, nas instalações da unidade de saúde covilhanense.
A preocupação do CHCB na satisfação dos utentes e seus familiares, a humanização dos seus serviços e a relevante intervenção social que a SCMF tem desenvolvido no apoio à família, estão na base do acordo. Um "desafio" que ainda não tem definidas as regras nem a amplitude do seu alcance, mas já honra os intervenientes. "É uma ideia inovadora no País e que, me parece-me, tem pernas para andar e estender-se a qualquer serviço hospitalar", afirma João Casteleiro, director do CHCB. "Um projecto que vai dignificar tanto o Centro Hospitalar como a Santa Casa", acrescenta.
Os objectivos do projecto passam, principalmente, pela realização de actividades de musicoterapia, cujos resultados não são, de todo, conhecidos. Por isso, uma das cláusulas do protocolo é o compromisso das partes em proceder regularmente, em colaboração técnica, a uma avaliação dos resultados e à elaboração de fichas clínicas onde serão, periodicamente, registados todos os elementos clínicos relevantes. Manuel Correia, provedor da Santa Casa, refere que existem "boas práticas no mundo desta experiência, quer com doentes, quer com deficientes. Por isso, acho que temos tudo para dar certo". João Correia, director executivo da Academia, é mais perspicaz e salienta que "o trabalho a desempenhar depende das unidades onde forem implantadas. É preciso um trabalho cuidadoso entre músicos e técnicos de saúde. Talvez tenhamos que encontrar estratégias individuais para cada doente. Cada caso é um caso". O director defende, ainda, que "tudo é possível. Sei onde vamos começar, mas não sei onde podemos terminar".
Em fase de estudo e investigação, João Correia considera que o projecto "não tem limites, porque o conhecimento que existe nesse campo limita-se aos livros e textos. Experiências reais há muito poucas". Daí que os intervenientes já estejam a investigar casos de musicoterapia, nomeadamente nos Estados Unidos, para tirar ilacções que possam orientar o trabalho a desenvolver na Cova da Beira.

Unidade da Dor é exemplo

Ainda sem data definida para avançar no CHCB, o projecto já está a dar os primeiros passos na Unidade da Dor do Fundão. A oferta de trabalho em regime de voluntariado de 22 professores da Academia de Música e Dança que, prontamente, se disponibilizaram, foi "a chave para o avanço e sucesso da iniciativa".
As primeiras reuniões começaram este mês e, segundo João Carreira, podem servir como exemplo de futuros trabalhos e protocolos. A primeira fase passa pela selecção de música adequada a cada doente e à sua ficha clínica, de forma a poder ouvir individualmente. "Um processo moroso que depende do estado do paciente e das suas reacções", sublinha. O director adianta que o objectivo é ocupar o tempo dos doentes, aquele em que não recebem visitas. Para isso, vão ser utilizados instrumentos ao vivo, com expressão, sobretudo na pediatria, e também a possibilidade de gravação. "Uma hipótese a ponderar, depois de avaliado o diagnóstico e as reacções dos utentes". No final, é feito um relatório para dar conta do alcance e amplitude do processo e detectar qual o impacto a nível da complementaridade do tratamento. João Casteleiro revela que "estão a ser feitos contactos entre os serviços para, posteriormente, os técnicos estudarem as melhores formas de usar a terapia da música e, quem sabe, estender a outras instituições".

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