Devido à idade e mau tempo
Derrocada abate 10 metros de parede
na Igreja Matriz do Teixoso

Construção antiga, granito mole e infiltrações de água são as causas apontadas para a queda de parte da parede da Igreja Matriz. Dias de sol são esperados para "deitar mãos à obra".

 Por Rita Lopes
NC/Urbi et Orbi

A parede exterior não aguentou a pressão do tempo e da chuva intensa

"É o cancro da pedra. É uma ferida que se não for tratada, acaba por matar". As palavras são de Alberto Almeida, pároco da freguesia do Teixoso, ao referir-se ao ruimento das pedras junto à porta lateral da Igreja Matriz. O incidente ocorreu às 22 horas e 45 de segunda-feira, 5. "Parecia uma lata a bater noutra, mas era o granito a cair sobre os caleiros", explica o padre, que mora a cerca de 100 metros do local, ao recordar o momento que alarmou a vila.
As antigas, melosas e fracas pedras de granito assentes em barro, também ele pastoso e frágil, facilitaram a queda da fachada. Segundo Alberto Almeida, a construção, que conta já 400 anos, "está a mostrar a sua fragilidade". Uma situação que se deve, também, às fortes chuvas e, ainda, à trepidação das viaturas que todos os dias transitam na estrada que liga o Teixoso à Covilhã. Considerado pelos habitantes como o "primeiro sinal" de uma futura queda, o resvalamento não causou qualquer dano pessoal. "Foi uma sorte ser de noite", dizem, dado que a soleira daquela porta, chamada "Porta do Sol", era um dos poisos mais habituais dos idosos da freguesia. "Era ali, ao soalheiro, que passávamos as tardes a conversar", relembram os frequentadores mais assíduos. "Agora já não nos atrevemos, pois isto não vai ficar por aqui", continuam.

"A torre é que segura o edifício"

Construída em 1593, a paróquia teixosense mostra, "há imensos anos", revela o pároco, muitos sinais de antiguidade e debilidade. Apesar do seu último restauro ter acontecido em 1980, sobretudo no chão e nas paredes, onde foi incutido cimento, a velhice sobressai nas colunas interiores e em toda a traça exterior. Ao observar o monumento, depressa se descobrem as imperfeições da construção. "Está tudo a decaír para o lado direito, a parte que carrega e aguenta o maior peso", diz Alberto Almeida. Paredes rachadas por algumas fendas, repletas de curvas e uma forte concavidade em duas colunas que suportam o interior da igreja, aterrorizam os crentes e o pároco. Por isso, como forma de prevenir danos maiores, todos os serviços religiosos estão a ser realizados nas outras capelas da freguesia. "Não se pode confiar nesta construção. É a doença da pedra que tem que ser tratada", reafirmam os habitantes.
Depois do acidente num monumento que, embora não esteja classificado pelo Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR), é considerado de valor municipal, é hora de fazer o balanço. Após a visita de alguns engenheiros e técnicos da Câmara Municipal da Covilhã e outros curiosos, o padre da vila salienta que apenas falta o bom tempo para "fazermos alguma coisa". Alberto Almeida refere que "temos que pôr mãos à obra. Ou alargar e construir uma igreja de raiz, preservando só a capela-mor, ou reconstruir esta". Uma questão que o pároco não quer avançar sem o devido estudo que deve partir de técnicos especializados. Apesar de ter a promessa da autarquia para fazer uma nova torça para a porta e colocar as pedras no sítio, o pároco sublinha que "se eles não fizerem nada, fazemos nós. Eu, a Junta e a Comissão da Igreja". Contudo, o mesmo reconhece que é uma obra de milhares de contos que necessita de comparticipação do Estado. "Estou confiante na ajuda da Câmara como sempre fez aos nossos pedidos. Aliás, o engenheiro que cá veio prometeu a intervenção, assim que o tempo o permita", salienta Alberto Almeida.

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