Acção de formação para professores
O problema da violência
e a disciplina positiva

As causas e as consequências da violência foram debatidas numa acção organizada pelo Sindicato dos Professores da Zona Centro. Juan Castro Lousada, docente da Universidade de Salamanca, dissertou sobre os factores que levam a atitudes violentas e adiantou caminhos para a sua resolução: a disciplina positiva.

 Por Ana Maria Fonseca

Mais de uma centena de professores, do ensino pré-escolar ao superior, estiveram presentes no anfiteatro da Parada, no Pólo I da UBI, numa acção de formação subordinada à problemática da violência. Apresentada por um psicólogo experimental e investigador nesta matéria, a acção, que decorreu ao longo do dia 12, segunda feira, resultou num esclarecimento generalizado dos factores culturais que levam muitos elementos da nossa sociedade a ser violentos.
Definida pela Associação Americana de Psicologia como "situação imediata ou crónica que produz danos no âmbito psicológico, social e físico dos indivíduos ou grupos", a violência é um aspecto com que os professores de hoje são obrigados a lidar.
"No ano lectivo de 1998/99, os dados oficiais apontam para cerca de dois mil casos de professores vítimas de violência por parte dos alunos", refere Carlos Costa, do Sindicato dos Professores da Zona Centro (SPZC), adiantando que "estes são apenas dados oficiais, uma vez que muitos casos não são tornados públicos".

"A sociedade actual não educa, sanciona"

Enunciada como um problema cultural, a aprendizagem de um comportamento violento faz-se geralmente no seio da família. A criança não tem consciência da gravidade dos seus actos, uma vez que está habituada a atitudes agressivas. Por este motivo é difícil perceber que os seus actos não são normais. "Quem está exposto a uma cultura violenta tende a adquirir esta cultura", explica Castro Lousada. E continua: "a sociedade actual não educa mas sanciona". Por isso é necessário adoptar outra atitude em relação aos comportamentos violentos. "Os conflitos não podem ser resolvidos de forma impulsiva ou defensiva", conclui o investigador espanhol.
Segundo a teoria da Disciplina Positiva, o papel do professor é estar pronto para ajudar o aluno, encarando a autoridade como uma forma de liberdade e não de poder.
Assim, a disciplina positiva "é um programa, um conjunto de actividades suportado por um conjunto de atitudes dos educadores (pais e professores) que orientam o aluno da melhor forma para atingir os objectivos da formação, tanto académica como pessoal e social", defende Castro Lousada. "Os professores devem adoptar esta disciplina partindo da sua valorização pessoal a fim de estarem melhor preparados para enfrentar os problemas de violência. A auto-estima conduz à auto disciplina, mas requer uma formação contínua e permanente dos professores, ou seja, passar da mentalidade da sanção para a da acção", finaliza.

Disciplina Positiva em livro a partir de Maio

A preparação dos professores para lidar com a violência é muito reduzida. Neste sentido, "seria interessante que todos os estabelecimentos responsáveis pela formação de professores assumissem, como parte da formação, o acompanhamento pessoal e o desenvolvimento de técnicas de âmbito psicológico que lhes permitam manejar possíveis confrontos de forma mais positiva", conclui Castro Lousada.
Numa perspectiva de continuidade, "o acompanhamento de alunos e de professores, por psicólogos ou assistentes sociais, existentes nas escolas seria essencial", admite Carlos Costa.
O tema desta acção de formação bem como de mais áreas de investigação ligadas à violência serão a matéria de um livro a publicar no mês de Maio, da autoria de Juan Castro Lousada em parceria com João Pires. O título da obra será "Mais Além da Violência a Disciplina Positiva", um manual para todos os professores.

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