DN avaliou, Aveiro é a melhor
UBI dá melhor qualidade de vida aos alunos

A UBI foi eleita pelo Diário de Notícias como a universidade que mais se destaca "no tocante às condições para a vida quotidiana dos alunos". Neste indicador contabiliza-se a oferta de alojamento, alimentação, cuidados de saúde, actividade cultural e desportiva, acesso a computadores e bibliotecas e a existência de mobilidade internacional entre os estudantes universitários.

 Por Raquel Fragata

Alunos da UBI tem melhores
condições para a vida quotidiana, segundo estudo do Diário de Notícias

O resultado foi conhecido ontem: "A Universidade de Aveiro è a melhor" e "Entre as instituições públicas, destacam-se ainda a Universidade de Lisboa (qualidade de ensino) e a UBI (qualidade de vida dos estudantes)".
O Diário de Notícias (DN), durante nove dias, entre 17 e 26 de Março, publicou um estudo que iria determinar o estado e a qualidade das universidades públicas portuguesas. Ao longo da análise dos nove indicadores propostos, um conjunto de docentes universitários constituído por Pedro Lourtie, Maria Luís Rocha Pinto, Pedro Mil-Homens e Hélder Pereira analisou os dados e comentou-os, chegando assim à "radiografia possível" dada a escassez e, algumas vezes, a falta de fiabilidade dos números disponíveis.
Para este estudo foram considerados os seguintes indicadores: procura da instituição pelos candidatos ao Ensino Superior; crescimento do número de alunos; duração média dos estudos; capacidade de pós-graduação das instituições; corpo docente e investigação; acção social escolar e saúde; cultura/desporto e mobilidade internacional dos estudantes; orçamento e instalações disponíveis; tecnologias de informação e comunicação, bibliotecas e salas de estudo.

Qualidade de vida melhora resultados

Na quinta feira, 22, o DN publicava o título "Qualidade de vida na UBI e em Aveiro". Para esta classificação contam, entre outros factores, as condições existentes nas salas de aula, nas bibliotecas e a facilidade de acesso a meios informáticos que, no entender dos avaliadores convidados pelo diário nacional para efectuar o estudo, "em muito podem contribuir para uma melhoria da qualidade do processo de aprendizagem". Também foram contabilizados o alojamento, alimentação, cuidados de saúde, elementos que assumem especial importância em universidades como a da Beira Interior, em que 80 por cento da sua população é deslocada.
A UBI e a Universidade de Aveiro estão na frente desta corrida pela oferta de melhores condições de vida. Seis residências, com 470 quartos, que proporcionam alojamento a 12 por cento dos estudantes da UBI; 600 beneficiários de bolsas de estudo dos Serviços de Acção Social, abrangendo 35 por cento dos alunos; 330 mil refeições servidas anualmente são alguns dos factores que levam o júri a considerar a UBI como a universidade que dá melhores condições aos seus alunos.
Um exercício positivo é a forma como Manuel Santos Silva, reitor da UBI, descreve o dossier "Radiografia das Universidades Públicas". "Já nos apontam como a melhor na qualidade de vida, talvez possamos vir a ser a que melhores condições de ensino oferece aos seus alunos", comenta o responsável.

Pouca procura trouxe melhores condições
para os estudantes

O DN reconhece que na UBI o principal problema é o da falta de procura por parte dos alunos candidatos ao Ensino Superior. Nesta matéria a UBI é no panorama nacional a universidade pública menos procurada, facto que indicia, a curto prazo, a necessidade do encerramento definitivo de licenciaturas como Engenharia do Papel e Engenharia Geotécnica.
Esta situação deve-se também, na opinião do júri do DN, à implementação da nota mínima de acesso de 10 valores desde o ano de 1997, a par de uma quebra de candidaturas às universidades.
Segundo dados avançados pelo diário, por cada 100 vagas abertas em 97 registaram-se 149 candidaturas, número que baixou para as 114 em 99. Apenas 37 em cada 100 alunos escolheram a UBI como primeira opção no boletim de candidatura. Trás-os-Montes e Alto Douro, Algarve, Açores e Évora seguem no ranking das menos procuradas.
A interioridade da Covilhã, um dos factores observados no estudo, poderá ter um volte face com a abertura em Outubro da Licenciatura em Medicina e a expansão a áreas como as humanidades e as ciências médicas.
Manuel Santos Silva, reitor da UBI, não deixa de lamentar a falta de alunos em algumas licenciaturas mas acredita que a UBI tem trabalhado no sentido de colmatar a interioridade a que está sujeita. "A UBI investe nos estudantes e essa é a nossa aposta", afirma o reitor.
Curiosa é a observação dos avaliadores quanto ao efeito colateral deste abrandamento do número de novos alunos. A 'crise' das engenharias, segundo a jornalista do DN, é em certo ponto benéfica para os alunos já no sistema que vêem assim aumentar nos últimos anos a fatia de investimento média por estudante. "Estas condições ajudam, de certa forma, a uma melhoria pedagógica" ao descongestionar salas e laboratórios.

"Falta de prática não é causa de insucesso"

Entre 95 e 99, período analisado pelo dossier, a UBI foi a universidade mais recente que menos aumentou o número de alunos, 8,45 por cento, sendo só 'ultrapassada' pela Universidade de Lisboa (4,54) e Universidade Técnica (6,57). No entanto a UBI tem a média de idades mais jovem (22 anos e meio), mas tem também os alunos que mais tempo demoram a concluir as licenciaturas.
A sobrecarga de disciplinas teóricas e a falta de práticas não parece ser para os avaliadores a causa da permanência dos alunos na UBI. A publicação ressalva os meios técnicos disponíveis para os alunos. O Atelier de Audiovisuais/Multimédia, o pavilhão de Engenharia Aeronáutica, os laboratórios de Análise Fototérmica, de Hidráulica e Saneamento são algumas das estruturas referidas como "imponentes", e em alguns casos "com dimensões megalómanas", que contribuem para a formação prática dos ubianos e que se afirmam como o "ex-libris da instituição".
Nas palavras de Santos Silva quatro medidas têm sido tomadas "atenta e sistematicamente para melhorar a taxa de sucesso". A qualificação do corpo docente, a melhoria das infra-estruturas, a permanência dos alunos dentro da instituição e a revisão dos processos de precedências e prescrições.
Em relação à UBI considera o estudo como a quarta universidade mais dinâmica na qualificação do seu corpo docente, sendo que entre 95 e 99 se registou um aumento de 63,1 por cento no número de Professores Catedráticos, Associados e Auxiliares.
Em 95 apenas 9,9 por cento dos docentes da instituição tinham o grau de doutor, número que sobe para os 22,2 por cento em 99. Só a Universidade do Porto, Técnica de Lisboa e Universidade de Lisboa conseguiram ultrapassar já em 99 a fasquia dos 50 por cento de docentes doutorados. Em 2002, Santos Silva espera também atingir este resultado.
Quanto a pós-graduações a UBI, entre as 14 universidades analisadas, é a décima na oferta de mestrados e a décima primeira em doutoramentos.
A UBI é ainda a universidade pública portuguesa que mais investimento capta do Estado, dispondo de uma "boa capacidade nas bibliotecas", meios informáticos razoáveis, embora não tenha disponível um computador por cada docente a tempo integral na instituição e registe um atraso na implementação das ligações à Internet.
Santos Silva mostra-se satisfeito com este resultado: "Apesar de sermos a mais interior, somos a que trabalha mais e o estudo reconhece isso".
Jorge Jacinto, presidente da Associação Académica da UBI (AAUBI), acredita que este é um sinal para o trabalho que deve ser feito dentro da instituição para colmatar os dois problemas que considera fulcrais: a falta de alunos e o insucesso escolar.

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