Seminário debate insegurança nas escolas
Frei Heitor Pinto desenvolve projectos de prevenção

"Não à Escola vs Insegurança", foi o tema de debate que levou mais de 50 professores a reunir-se no auditório do Centro Cultural e Social da Covilhã, no dia 12. Entre a teoria e a prática, os docentes apresentaram os motivos de conflito nos átrios das escolas e os projectos para combater este problema. Na Frei Heitor Pinto os jovens tem disponível um serviço de apoio ao adolescente que trata estes casos.

 Por Patrícia Caetano

Manuel Loureiro defende a conciliação entre autoridade e afecto
como forma eficaz de combater
o problema da insegurança

"Educar é orientar, conduzir". Foi com estas palavras que o director do Centro Cultural e Social da Covilhã, o Cónego José Geraldes abriu a sessão e realçou o papel dos educadores na sociedade.
Conciliar autoridade e afecto, escola e família, parece ser o remédio para um mal crescente nas escolas: as agressões verbais e físicas, a violência, o conflito. Doutorado em Psicologia da Educação, o Prof. Manuel Joaquim Loureiro, do Departamento de Ciências da Educação da UBI, alerta para o facto das escolas não se encontrarem adaptadas às necessidades dos jovens. Segundo o docente, "existem comportamentos reactivos" à autoridade e à competição instalada nas salas de aulas. "A autoridade tem um valor normativo, não está despida dos afectos, o que implica reconhecimento, compreensão e aceitação", salienta Manuel Loureiro.

Professores coordenam consulta do adolescente

A Escola Secundária Frei Heitor Pinto, é um exemplo de que autoridade e afecto estão interligadas na formação dos alunos enquanto cidadãos. A filosofia da escola é, segundo o presidente do Conselho Executivo, José Manuel Rodrigues, "actuar na prevenção". Para tal, a escola dispõe de actividades extracurriculares como o atelier de viola, o clube do ambiente, o desporto escolar, o grupo de teatro, o centro de recursos informáticos e audiovisuais, e o laboratório de propagação onde se procede à clonagem de plantas.
Paralelamente, os jovens dispõem de um gabinete de apoio ao aluno que, este ano lectivo, conta também com a "consulta do adolescente". Combater os problemas característicos da adolescência, é o objectivo desta equipa de professores. O mau relacionamento com a família , e por vezes com a escola, cria fobias, insegurança e desinteresse, o que muitas vezes contribui para estados depressivos e violentos.
A coordenadora do projecto, Liliana Santos, refere que "é necessário aconselhá-los e incentivá-los para que não desistam dos seus objectivos".
Para além deste acompanhamento pedagógico e psicológico, "a consulta do adolescente" dispõe ainda do apoio de uma equipa do Centro de Saúde. Aqui, todas as quartas-feiras de manhã, se desenvolvem acções de esclarecimento na saúde reprodutiva.
No entanto, é preciso não esquecer que a realidade desta escola não é uma regra, mas uma excepção. A insegurança nas escolas atinge também o Interior, como alerta a delegada regional da Associação Nacional dos Professores do Ensino Secundário (ANPES), Ana Beatriz. "As escolas desta região já registam casos de violência e agressividade na ordem dos 30 por cento", refere a delegada.

Escola e Família são complementares

Há 30 anos, a professora Anabela iniciava a sua carreira numa zona rural próxima da Covilhã. Nesta época, imperava o culto da autoridade na educação. A professora confrontou-se com situações em que a rigidez e a carência de afectos eram uma constante. Contactou mesmo com o pai de um aluno que salientava que "perder um boi é pior que perder um filho".
Hoje, Anabela, professora e membro de duas associações de pais, na Escola Básica número um, e na Escola Secundária Frei Heitor Pinto, não tem dúvidas "o desenvolvimento dos nossos educandos, depende da participação e atenção dos pais. A escola não pode virar costas à família, nem a família virar costas à escola. Ambas se completam", conclui a professora.

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