PORTUBI organiza ciclo de conferências
Ao encontro da Língua e Cultura portuguesas

O Núcleo de Estudantes de Língua e Cultura Portuguesas, (PORTUBI), realizou nos dias 22 e 23 de Março, no Pólo de Ciências Sociais e Humanas, o primeiro ciclo de conferências dedicado às áreas da Cultura e da Linguística. Este encontro permitiu mostrar a importância que as palavras têm numa sociedade que ainda não venceu o problema do analfabetismo.

 Por Nélia Sousa

"Sem as palavras deixaríamos de ser humanos", afirma Malaca Casteleiro, docente da UBI e orador na conferência sobre Cultura e Linguística

"A iniciativa é meritória e o Departamento de Letras só pode ficar satisfeito quando tem alunos capazes de levar por diante iniciativas como esta". Foram estas as palavras utilizadas por Antonieta Garcia, presidente do Departamento de Letras da UBI, para felicitar o trabalho realizado pelos estudantes de Língua e Cultura Portuguesas (LCP).
Apesar da pouca adesão dos alunos, que esta docente de Literatura atribui ao facto de este tipo de iniciativas serem pouco frequentes, o balanço acabou por se revelar positivo. Este primeiro ciclo de conferências, que irá ter um segundo momento em Maio, reuniu professores da UBI, da Universidade de Lisboa e do Instituto Politécnico da Guarda. Os intervenientes falaram de temas como a Cultura Republicana na Beira Interior, a Importância do Dicionário para o Ensino-Aprendizagem da Língua, o Ensino de Línguas e a Concepção da Gramática no Ensino de Línguas.
Abordando a questão da Identidade Portuguesa, António Santos Pereira, docente na UBI, afirmou que para defender essa identidade é "fundamental apetrecharmo-nos tecnicamente, vencer o analfabetismo e a ignorância, tornarmo-nos mais cultos de forma a sermos gente que tenha para dar ao mundo mais do que mão de obra".

O poder das palavras

As palavras são fundamentais para comunicar com os outros. Assumindo um papel tão importante no processo comunicativo é preciso, segundo João Malaca Casteleiro, docente do Departamento de Letras da UBI, "despertar nas pessoas a curiosidade pelas palavras. Sem as palavras deixaríamos de ser humanos", adianta. Uma ideia também partilhada por Antonieta Garcia que vê nas letras um espaço de liberdade. "É maravilhoso que com 23 caracteres gráficos se possa dizer tudo e estar continuamente a evoluir", afirma. No entanto este espaço de liberdade exige um controlo de forma a não cair no uso errado da língua. Daí que Malaca Casteleiro tenha acentuado nesta conferência a importância do dicionário para o ensino aprendizagem da Língua No seu entender é fundamental, não só ter um Dicionário de Línguas, mas também um Dicionário Enciclopédico que nos informe sobre a cultura de um povo.

Aprender Português é difícil

Portugal é um país que tem vindo a apresentar-se cada vez mais multicultural. Face a esta realidade, a maior parte das universidades portuguesas sentiu a necessidade de pôr em funcionamento cursos de Português para estrangeiros. Estes cursos visam facilitar a integração no país de pessoas provenientes de outros territórios.
Segundo José Pascoal, docente na Universidade de Lisboa, "é fundamental intensificar a aprendizagem e ensino de línguas de forma a fornecer uma maior mobilidade, uma comunicação mais eficaz e uma melhoria das relações de trabalho".
De acordo com Maria José Grosso, docente na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, as pessoas interessam-se pela aprendizagem do Português porque lhes permite conhecer melhor a cultura do nosso país e facilita a integração no mercado de trabalho. No entanto, muitas acabam por desistir no primeiro contacto que estabelecem com a Língua por a acharem difícil. Um problema que reside, no seu entender, no facto das gramáticas não serem de fácil acesso. "Se a gramática for escrita em Português, o aprendente não compreende nem os exemplos nem as explicações que são dadas. Daí que a solução seja uma gramática escrita na língua do aluno, o que resolveria as dúvidas de aprendizagem", defende esta docente de Linguística Aplicada.
Segundo Maria José Grosso, e a propósito de estar a decorrer o Ano Europeu das Línguas, todo o europeu deveria saber, além da sua, mais duas línguas porque "saber uma língua é útil, abre os horizontes e ensina-nos a aceitar melhor o outro", defende. Adianta, porém, que este cenário não se verifica já que a maioria das pessoas aprende apenas a língua o inglesa.

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