Semana Cultural da Campos Melo
Construir pontes entre as ciências

Realizou-se no dia 28 de Março, na UBI, a conferência sobre dicotomia entre ciências humanas e ciências exactas. Integrado na semana cultural da Escola Secundária Campos Melo (ESCM), o evento contou com a presença de professores da Covilhã, Castelo Branco e Coimbra.

 Por Mariana Morais

Nuno Augusto e Paulo Mendes debateram a distância e a proximidade entre ciências

A necessidade de acabar com as fronteiras existentes entre ciências sociais e ciências exactas foi a conclusão a que chegaram os professores de vários níveis e áreas de ensino reunidos quarta feira, na UBI. Na opinião de Paulo Mendes, professor do Departamento de Física da Universidade de Coimbra, existe uma dicotomia, um divórcio aparente entre os dois ramos da ciência. A acusação de falta de rigor científico feita às ciências sociais e humanas é fruto de incompreensões mútuas. Este docente afirmou que "na Física podemos fazer experiências controladas e estabelecer leis da natureza, mas em Ética não é possível pesar ou medir o bem e o mal. As ciências sociais usam outros métodos de análise e a existência de abordagens diferentes impede a estagnação, conclui Paulo Mendes.
"Tanto as ciências humanas como as ciências exactas contribuíram para o progresso do conhecimento humano. Mesmo na matemática precisamos de recorrer ao conhecimento histórico para saber o que já se avançou no nosso objecto de estudo", defendeu Rui Almeida, professor do Departamento de Matemática da UBI.

Partilha de conceitos une ciências

Divórcio quer dizer não compreensão e não aceitação. Dicotomia significa que ciências diferentes procuram atingir os mesmos objectivos. Durante o debate, José Pires, professor da Escola Superior de Educação de Castelo Branco, opinou que "no nosso sistema de ensino existe uma profunda divergência entre Ciências e Humanidades. É preciso construir pontes para acabar com as fronteiras entre os dois campos do conhecimento, mantendo a diversidade resultante da origem das ciências".
O facto de ciências de ramos diferentes começarem a partilhar os mesmos conceitos foi outra questão debatida." Hoje há físicos que falam de democracia nuclear na análise do comportamento das partículas", salientou Nuno Augusto, sociólogo e docente da UBI
Na opinião de Isabel Fael, presidente do Conselho Executivo da ESCM "para que os estudantes adquiram um conhecimento estruturado é necessário que haja sentido e relação significante entre as duas áreas de aprendizagem ". Daí a necessidade de uma abordagem organizada dos programas de ensino que permita a ligação entre os conteúdos das disciplinas de línguas e literatura com os das ciências exactas.
No final da conferência, a assistência manifestou-se satisfeita com o debate de ideias e opiniões.

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