Governo apresenta benefícios fiscais
Empresas do Interior pagam menos

Pina Moura, ministro das Finanças, e Elisa Ferreira, ministra do Planeamento, apresentaram o novo sistema fiscal. Em 172 concelhos há 36 mil empresas abrangidas pelas novas medidas.

 Por Rodolfo Pinto Silva
NC/Urbi et Orbi

Pina Moura veio ao Fundão anunciar que, em 2005, Portugal vai ser dos países que menos impostos vai cobrar às empresas

Três quartos do território português vão beneficiar da redução fiscal apresentada por Joaquim Pina Moura, ministro das Finanças, e Elisa Ferreira, ministra do Planeamento, na terça-feira, 27. Uma discriminação positiva para o Interior do País com a clara intenção de favorecer a iniciativa empresarial e, desta forma, esbater as diferenças que se verificam em relação ao Litoral. As medidas servem também para "piscar o olho" aos empresários espanhóis, uma vez que, segundo Pina Moura, "o investimento feito neste lado da fronteira vai ser mais beneficiado". Os empresários da região preferem ser comedidos nos comentários e deixam o aviso de que é necessário fazer mais. Falta de infra-estruturas e acessibilidades são os pontos mais focados.
A lei já existe desde 1999, mas só agora teve a necessária regulamentação. Em linhas gerais, o novo sistema fiscal para o Interior prevê uma descida de sete valores percentuais na taxa do Imposto de Rendimentos de pessoas Colectivas (IRC), ou seja, passa dos actuais 32 para 25 por cento. Para as micro-empresas, unidades empresariais com facturação anual inferior a 30 mil contos que aderiram ao regime simplificado do IRC, os benefícios são ainda maiores: passam a pagar 15 por cento, enquanto que, no resto do País, a tributação é de 20. Estes números valem apenas para as empresas com sede e massa salarial localizadas nas zonas consideradas desfavorecidas. "O novo sistema vai beneficiar 36 mil empresas de 172 concelhos, num total de 75 por cento do território nacional, onde vive um quarto da população. É a concretização de um momento inovador e histórico no quadro da política fiscal portuguesa: vamos ter um País e dois sistemas", refere Pina Moura. Para o titular da pasta das Finanças "este é um passo novo, já que, pela primeira vez, as regiões mais pobres vão ser beneficiadas, ao contrário do que acontecia antes, em que havia tendência para favorecer a faixa Litoral".

Espanha cobra mais

Nesta primeira fase, o eixo Braga - Setúbal fica de fora das novas regras de tributação. Uma situação transitória, uma vez que o objectivo do Governo é, em 2005, estender a taxa de IRC de 25 por cento à parcela que fica agora de fora. "Daqui a quatro anos, na União Europeia, vamos ter o sistema fiscal mais competitivo. À nossa frente só vai estar a Irlanda", afirma o ministro. O Interior avança já para esse estatuto e passa para a frente da Espanha onde o rendimento empresarial é tributado a 35 por cento. Dentro da Península Ibérica, os 17 distritos incluídos no mapa dos benefícios fiscais, passam a ter uma situação privilegiada para instalação de indústrias. "Os empresários são racionais, por certo que vão ser tentados a escolher os locais onde pagam menos. Vão perceber que investir aqui é melhor do que em Salamanca, Vigo ou Ourense", salienta.
A Elisa Ferreira coube o papel de explicar as principais razões que motivaram estas medidas. A ministra lembrou que a correcção do desenvolvimento assimétrico de Portugal foi uma preocupação de todos os governos desde os anos 60, mas, "só agora, existe uma clara concretização desse objectivo". "O que se quer - acrescenta - é promover a coesão social e territorial em regiões com carências de população e de rendimento". Referência do discurso de Elisa Ferreira foi o III Quadro Comunitário de Apoio (QCA). No entender da responsável pelo planeamento, "o III QCA, o Plano Operacional de Economia, que incentiva a criação de empresas, a que se junta a aposta nas acessibilidades, cria nos municípios do Interior, fortes possibilidades de se afirmarem como motores de acolhimento industrial".

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