Polémica no Troço Alcaria - Teixoso
IP2 sem nó de acesso à Covilhã

O redesenhado projecto do troço Alcaria-Teixoso não contempla um nó de acesso directo à Covilhã por razões de impacto ambiental. Autarcas já tomaram medidas e votaram por um moção.

 Por Alexandre S. Silva
e Raquel Fragata

Depois de vários impasses, o troço Alcaria-Teixoso volta a causar polémica

Está já disponível para consulta pública o projecto para o lanço do Itinerário Principal (IP)2 entre Alcaria e Teixoso. Um troço de cerca de 19 quilómetros que atravessa as freguesias do Teixoso, Peraboa, Ferro, Tortosendo e Alcaria e que, desde o início da construção da via-rápida, já conheceu vários avanços e recuos. Impasses resultantes, sobretudo, da interferência da obra com questões de impacte ambiental e com o aproveitamento hidroagrícola da Cova da Beira.
No novo projecto, o traçado apresenta-se redesenhado e, portanto, com algumas alterações. A Área de Serviço prevista no percurso foi deslocada mais para sul, próximo do quilómetro 19. O Nó da Covilhã Sul encontra-se deslocado mais a norte fora da área a beneficiar pelo Aproveitamento Hidroagrícola da Cova da Beira. Foram também introduzidas galerias técnicas para atravessamento do IP2 pelas condutas de regadio. Obras de arte especiais, foram também projectadas para facilitar a travessia da via. Pontes e viadutos sobre o Zêzere e sobre as ribeiras de Caria e do Minho.
Mas a alteração, sem dúvida, mais polémica prende-se com a eliminação do Nó central de ligação à Covilhã. A cidade fica, assim, dependente do acesso que "desagua" no Tortosendo para o IC6, que dá ligação a Coimbra. Carlos Pinto, presidente da autarquia da cidade serrana já se pronunciou e afirma-se "estupefacto e pasmo". O edil considera a situação "lamentável e sem qualquer sentido". "Não é possível imaginar uma auto-estrada a passar ao pé da Covilhã que não tenha uma saída directa para a cidade. O nó do Tortosendo nunca pode substituir um acesso central e não pode colmatar as necessidades da população", defende o autarca. "Imagine-se a necessidade de transportar, de emergência, doentes para o Hospital da Covilhã, e terem que se deslocar ao Tortosendo por não terem uma acesso mais directo", exemplifica. O início das obras está previsto ainda para este ano e a conclusão aponta para inícios de 2004.

Câmara aprova moção contra traçado

No entanto, Carlos Pinto faz saber que a Câmara não vai aceitar que, "por causa da salvaguarda de coisas de natureza ambiental, que não estão bem explicitadas, a Covilhã saia prejudicada desta forma". Assim, o autarca afirma já ter entrado em contacto com a SCUTVIAS para dar conta da sua insatisfação.
Neste sentido, o edil levou à sessão de Câmara de sexta feira, 20 de Abril, um documento que manifesta a oposição ao novo traçado e que será enviado a António Guterres, ao Ministério do Ambiente, Secretaria de Estado do Ambiente, Direcção Geral do Ambiente, Instituto de Promoção Ambiental, entidade que realizou o estudo, Direcção Regional do Ambiente e do Ordenamento do Território do Centro e Instituto de Estradas de Portugal. Os vereadores sociais democratas, socialistas e comunista votaram em unanimidade a moção que exige a reposição do nó à Covilhã. No final da sessão, Carlos Pinto mostrava-se mais uma vez descontente com a decisão que considera "absurda e inaceitável" e por isso promete "outras surpresas" caso o documento não surta o efeito desejado.

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