Três docentes da UBI juntos a uma mesa para debater o fenómeno Big Brother
Noites de Sociologia
À mesa com o Big Brother

Programa controverso, o Big Brother não deixa ninguém indiferente. O núcleo de Sociologia juntou alunos e professores no bar Fora d'Horas e, em conjunto, analisou-se o mais recente fenómeno televisivo.

Por Nélia Sousa

Desde o seu aparecimento que o Big Brother tem sido tema de muitas discussões. Integrado nas noites de Sociologia, o núcleo deste curso convidou os docentes Paulo Serra, Paulo Bastos e Nuno Jerónimo para uma análise sociológica do programa. Professores e alunos tentaram perceber a razão que leva milhões de pessoas a sentarem-se frente a um televisor para assistirem "às conversas banais proferidas por um grupo de jovens, como referiu Nuno Jerónimo. Para este docente, a grande arma do Big Brother foi a novidade. Só que a novidade não dura sempre e o "público vai decrescendo à medida que o programa se vai tornando repetitivo".
Paulo Serra referiu que a TV está refém das audiências e para conseguir manter-se "precisa de ter coisas que as pessoas vejam".
Neste serão cultural discutiram-se ainda as razões que levam as pessoas a concorrerem a este tipo de concursos. No entender dos professores presentes, o dinheiro não é o factor principal mas sim a simples oportunidade de aparecer no ecrã televisivo. "Hoje aquilo que é valioso não é tanto o dinheiro ou o aspecto cultural. O que tem valor e o que distingue as pessoas é o aparecer na televisão", sublinha Paulo Serra, acrescentando que "os jovens fascinados por este mundo televisivo pensam que o simples facto de aparecerem na TV faz com que se tornem importantes numa sociedade moderna caracterizada pela fragmentação".
Para Nuno Jerónimo, a TV é um grande veículo de prestígio. "As figuras públicas sempre foram pessoas que tinham reconhecimento pelo facto de fazerem algo de importante. Hoje é a arte de não saber cantar, como é o caso do Zé Cabra, que faz as pessoas serem figuras públicas", explica este docente de Sociologia.
Paulo Serra é da opinião de que até há pouco tempo só os heróis (cantores, futebolistas) apareciam na televisão. Hoje a democracia mediática permite que qualquer um apareça na TV".
São os jovens que na sua maioria concorrem a este tipo de programas. Segundo Nuno Jerónimo, "há uma exaltação da juventude, isto é, a juventude é o produto mais vendido. Veja-se o caso das modelos que aos 25 anos são substituídas por outras mais jovens. O mito é o da eterna juventude".
Para Setembro está marcado o terceiro Big Brother. Resta esperar para ver o que nos vai trazer de novo.