Recursos Humanos

de Laurent Cantet

por Raquel Fragata

  

 

Há filmes, bem como outras expressões, impressões e estórias, que valem pela sua simplicidade. Quase que dissimulado, se faz despercebido e fica lá, num espaço próprio à reflexão. São muitas vezes desta espécie os sentimentos pelos quotidianamente próximos. As nossas trocas, os ensinamentos transmitidos, donde resultam enriquecimentos mas muitas vezes as interrogações e condenações. Um pouco sobre isto reflecte "Recursos Humanos", filme francês, rodado na Normandia, que conta a estória de um confronto de ideias e condições entre pai e filho. Laurent Cantet, realizador desta obra, de um tema modesto faz um filme que é já para muitos uma referência, tendo reunido inúmeros prémios nos festivais de cinema da Europa. Destaque para a interpretação de Jalil Lespert (Frank), único actor profissional do elenco, no papel de um licenciado em Economia que acaba de entrar na fábrica de seu pai para o lugar de estagiário no gabinete de Recursos Humanos da empresa. Incumbido de melhorar os índices de produtividade, o confronto de interesses com os trabalhadores torna-se iminente.
Um dedo indicativo, o de Laurent Cantet, apontado ao "cinismo da expressão" que não diferencia pessoas de stocks e capital.