Bioquímica encerra Ciclo de Conferências
Bioengenharia: o futuro da investigação terapêutica

Por Ana Maria Fonseca

O cruzamento de vários saberes na Bioengenharia e as terapias que no futuro poderão responder às necessidades crescentes do Homem estiveram em discussão na última conferência de Bioquímica.

Joaquim Sampaio Cabral, docente do Instituto Superior Técnico, encerrou no passado dia 8, o Ciclo de Conferências de Bioquímica com chave de ouro. Os avanços da Engenharia Bioquímica até aos nossos dias e os futuros caminhos a percorrer na investigação terapêutica foram alguns dos temas em debate durante a manhã de sexta feira.
A Bioengenharia, ou seja, a Engenharia Bioquímica, hoje e cada vez mais, resulta de uma interacção e integração de disciplinas dos diferentes saberes do conhecimento humano sobre áreas igualmente diversas. Foi a necessidade desta interacção que o Professor Joaquim Cabral explicou aos alunos da Licenciatura em Bioquímica da UBI.
Joaquim Cabral apresentou quatro terapias aplicáveis no futuro, em diferentes áreas.
A nível da terapia molecular, refere uma insulina diferente que possa ser administrada para diabéticos. O desenvolvimento de uma terapia génica torna-se urgente no sentido de corrigir algumas doenças que sejam de origem genética e também no desenvolvimento de novas vacinas.
A terceira terapia adiantada pelo Professor Cabral, é a terapia celular, ou seja, o aproveitamento de células que possam ser utilizadas por nós próprios, nomeadamente para as doenças neurodegenerativas, como Parkinson ou Alzheimer.
"Com o envelhecimento da população haverá interesse em corrigirmos determinado tipo de doenças. Embora a abordagem científica possa ser semelhante, há dois tipos de doenças predominantes e determinadas geograficamente para as quais temos de olhar claramente", defende o investigador e continua: "Há uma diferença entre os países considerados desenvolvidos, onde as doenças cardiovasculares, as doenças geriátricas, neurodegenerativas e cancro predominam, e nos países considerados de terceiro mundo. Aí temos essencialmente três: a sida, a tuberculose e a malária", refere.

A ciência e os problemas éticos

A clonagem de tecidos e órgãos, a quarta terapia, actualmente envolvida em debates éticos foi também explicada pelo investigador. "Esta engenharia tenta responder à questão de como é que nós podemos suplantar a falta de órgãos que existe. O ideal é cada um poder criar os seus próprios órgãos", simplifica. Esta solução implicaria, em última instância, a clonagem de cada um de nós, de forma a haver sempre órgãos disponíveis para transplante. O mesmo se passa em relação aos tecidos. "Se conseguirmos evoluir no sentido de utilizarmos as células do nosso próprio organismo, podemos aproveitar os nossos próprios tecidos para tratamento de várias doenças", conclui o investigador.