Luís Garra quer ser um candidato suprapartidário e aposta em trazer independentes para a luta autárquica da CDU
CDU apresenta candidatos às autárquicas
Garra avança para a Câmara

Luís Garra, coordenador da União de Sindicatos distrital, é o candidato da CDU a presidente de Câmara. Jorge Fael, sociólogo, é o cabeça de lista para a Assembleia Municipal.

Por Rodolfo Pinto Silva
NC/Urbi et Orbi


"Covilhã para todos" é o lema que une os candidatos da CDU aos dois órgãos máximos da gestão autárquica. Luís Garra e Jorge Fael encabeçam, respectivamente, as listas da coligação à Câmara e à Assembleia Municipal, para as eleições de Dezembro. Entre propostas eleitorais e críticas ao actual executivo do PSD e à oposição do PS, Garra assume-se como o candidato da alternativa de esquerda, apoiado por "homens e mulheres dos mais variados quadrantes políticos". Em relação à luta sindical, o candidato afasta a hipótese de abandonar as funções que ocupa.
Sem nunca colocar de parte as raízes comunistas, Luís Garra assegura que tem uma postura suprapartidária. "Candidato-me pelos antigos votantes do PS que discordam da política de direita do Partido, na autarquia e no Governo. Também não podia deixar de responder ao apelo dos que elegeram os sociais democratas nas últimas eleições e se encontram preocupados com o poder absoluto e tentacular que existe no concelho", explica. Motivos suficientes para, depois de um período de reflexão, o sindicalista decidir avançar. A candidatura, considerada "difícil", tem a vantagem de se basear no trabalho desenvolvido pelos eleitos da CDU na Câmara e na Assembleia Municipal, durante os últimos quatro anos. Neste particular, os elogios dirigem-se para o actual vereador da coligação, Vítor Reis Silva. Apesar de não revelar em que lista vai constar o nome do militante do PCP, Garra deixa perceber que é ponto assente a participação de Reis Silva no processo eleitoral. "É uma mais-valia para o concelho e para o partido, esteja em que lugar estiver", sublinha.

Luta sindical é para continuar

O actual coordenador da União de Sindicatos de Castelo Branco e presidente do Sindicato dos Têxteis da Beira Baixa descansa os filiados nestas forças sindicais ao afirmar: "A candidatura não é uma deserção, mas sim uma forma de continuar a luta de sempre". E acrescenta: "É uma nova etapa no combate pela melhoria das condições de vida dos trabalhadores que são os que mais precisam de ser apoiados".
Como seria de esperar, os últimos executivos do PS e do PSD não convenceram o comunista, que aponta os jovens e os habitantes das freguesias menos desenvolvidas como os mais prejudicados. "Uma situação", continua, "que vai alterar-se, caso seja eleito". No rol de promessas estão, entre outras, a implementação de políticas eficazes em termos de ordenamento do território, expansão do tecido urbano das zonas rurais, habitação social, vias de comunicação e ambiente. Outra das bandeiras eleitorais de Garra é "o combate ao endividamento descontrolado e irresponsável da autarquia, bem como a criação de um relacionamento transparente com os empreiteiros e os promotores imobiliários".
Apesar do líder sindical ter centrado o seu discurso no elogio à CDU e nas propostas eleitorais, o facto é que não evitou mandar alguns recados ao actual edil, Carlos Pinto. Numa clara resposta ao discurso inflamado do autarca contra as capitais de distrito, em especial Castelo Branco, na hora do anúncio da sua recandidatura (ver NC de 15 de Junho de 2001), Garra sublinha que "a Covilhã não precisa de se por em bicos de pé, a gritar, e a agredir os vizinhos". E estranha que, "agora, haja ataques contra o centralismo e a lei das finanças locais, quando foram essas pessoas que estiveram contra a regionalização e que, quando foram Governo, despojaram os municípios em milhões de contos".
Por sua vez, o cabeça de lista à Assembleia Municipal, Jorge Fael, sociólogo de 31 anos, coloca como objectivo, "a dignificação e valorização do órgão, condição indispensável para promover o combate pela democracia, participação das pessoas e dignificação da actividade política". Satisfeito com o trabalho dos deputados municipais da CDU, conclui: "Estamos tranquilos porque tudo fizemos e continuaremos a fazer para não permitir que a Assembleia continue a ser uma câmara de eco das decisões do executivo e do seu presidente".