Francisco Paiva

Design.identidade


O conceito de esforço colectivo foi crucial na recuperação europeia do pós 2ª Grande Guerra. As empresas tornaram-se reconhecíveis pela uniformidade identitária, da imagem, mas também do modo de acção, padronizando o design de comunicação (grafismo e publicidade) e o design industrial (produto e equipamento).
O esforço criativo passou, por isso, a ser centralizado em equipas de especialistas que consolidam e regulamentam todo o projecto identitário (Corporate Identity), diminuindo o poder transformador atomístico dos agentes individuais, aspecto que consubstancializa a ética organizativa e competitiva.
Envolvendo uma simbólica particular, na medida em que significa a ideologia institucional, seus objectivos, valores e ideais próprios, o projecto identitário obriga os designers a trabalharem para tornar plausíveis aspectos muito diversos, procurando, através dos modelos e códigos da representação gráfica, que estes signos sejam atemporais, perenes porque contemporâneos, isto é, nem dependentes de um qualquer saudosismo heráldico nobiliário nem, pelo contrário, do desconstrutivismo pós-moderno.
Em suma, as identidades corporativas resultam de uma panóplia de objectos, criados em função dos fitos concretos diagnosticados e das apetências pretendidas: referências reguladoras e definidoras de estruturas, aplicações, suportes (analógicos ou digitais), fontes, paletas, escalas e técnicas.
A coordenação e acompanhamento técnico da aplicação das normas gráficas, ao contrário da suposta suficiência dos logótipos, requer permanente observação (por directores de arte) da performance das mesmas, em ordem ao conceito estratégico na contingência global, isto é, alargada à disputa internacional do imaginário.
Perguntar-se-á o paciente leitor sobre as razões desta alocução? Certamente pela urgente caracterização e diferenciação dos "produtos", num mercado em que a Universidade constituiu a sua própria economia (feita de numerus clausus, financiamentos per capita, disputa dos melhores professores, bem como dos melhores alunos, combatendo a hegemonia dos estabelecimentos tradicionais), e porque, não havendo forma sem conteúdo, as coisas também são o que parecem (e vice-versa)!

Francisco Paiva