Belle and
Sebastian

Jonathan David
Jeepster, 2001



por sérgio felizardo


Os Belle & Sebastian são aquilo a que verdadeiramente se pode chamar uma banda de culto. Esta trupe de artistas escoceses são exactamente aquilo porque qualquer melómano anseia: não editam singles dos álbuns, são raros os telediscos, mais raros ainda os concertos, as imagens deles próprios também não proliferam e as entrevistas menos ainda. Uns autênticos "refundidos musicais", que alguns milhares de felizardos tiveram a oportunidade única (e histórica, já agora) de ver no primeiro fim de semana de Agosto no fabuloso e inexcedível Festival Internacional de Benicàssim, em Espanha. O momento foi arrepiante e indescritível e provou, definitivamente, que os Belle & Sebastian gozam de um culto comparável (sem exagero, mas em muito menor dimensão, obviamente) àquele que levava às lágrimas os jovens contemporâneos dos Beatles.
Uma espécie de Smiths dos anos 90 (como, aliás, já foi escrito nestas páginas), embora com uma atitude muito mais low profile, a que não é alheia a timidez de Stuart Murdoch, principal vocalista e compositor, ou da doce Isobel. Em Benicàssim, os "sebastiões" rodaram o seu último longa duração, "Fold your hands child, you walk like a peasant", não esqueceram o primeiro, "Tigermilk", e o terceiro, "The Boy with the Arab Strap", bem como outras pérolas da sua vasta colecção de melodias pop-folk pastorais, entre as quais "Le Pastie de la Bourgeoisie" e "Jonathan David", o mais recente EP da banda (só faltou mesmo o maravilhoso "If you are feeling sinister". No ar ficaram, ainda, algumas composições novas, uma delas que irá integrar um próximo EP previsto para Novembro, e ficou, sobretudo, a vontade de os ouvir durante mais três horas seguidas. A música quando é feita assim não precisa de explicações. Ouçam-nos muito, mas não contem a ninguém.