Trabalhos e Paixões de Benito Prada

 

 

De Fernando Assis Pacheco



Trabalhos e Paixões de Benito Prada: Galego da Província de Orense que Veio a Portugal Ganhar a Vida, pode ler-se no subtítulo. Logo aqui começa o humor que se arrasta ao longo de todo o livro.
Parece haver uma duplicidade de sentimentos de Fernando Assis Pacheco para com Benito Prada. Ora lhe admira o gabarito, ora o subestima e ridiculariza.
Benito Prada é galego e vem para Portugal em busca de uma vida melhor.
Para trás deixa os seus trabalhos e paixões: a casa pobre, o pai afiador, as poucas letras aprendidas na Meiga de Ventosela. Depois o salto para Portugal, a fortuna começada com uma carroça nas feiras, os amores, a guerra, o medo, a ira, tudo envolvido pelo manto da melancolia de que não consegue nunca livrar-se.
Quando surgiu a República, por exemplo, Benito Prada andava pela zona de Aveiro, mas percorreu meio Portugal à procura de sustento, multiplicando-se como podia para atender às raparigas lusas.
Uma obra de ficção que se confunde com a realidade de factos, pessoas e locais que aborda, apesar de não ter qualquer intenção de se afirmar como resenha histórica. Pelo contrário, é uma pura obra de ficção. Não esquece, no entanto, grandes acontecimentos históricos da primeira metade do Século XX, nem tão pouco algumas figuras típicas da época.
É um romance forte, sem constrangimentos e começa assim: Quando o padeiro velho de Casdemundo teve a certeza de que Manolo Cabra lhe desfeiteara a irmã, em dois segundos decidiu tudo. Nessa mesma noite matou-o de emboscada, arrastou o cadáver para o palheiro e foi acender o forno com umas vides que comprara para as empanadas da festa de San Bartolomé.
É o primeiro e único romance de Fernando Assis Pacheco. Jornalista e poeta, o autor morreu em 1995, aos 58 anos.


Por Ana Maria Fonseca