António Fidalgo

Um dia histórico



A vida das instituições é marcadas por datas, e a Universidade da Beira Interior não foge à regra. O dia 1 de Outubro de 2001 será uma data a reter. Foi o primeiro dia de aulas para os primeiros alunos dos cursos de Medicina, Filosofia, Psicologia, Português-Inglês, Português-Espanhol, Engenharia Informática e Engenharia Química. De entre estes cursos, o destaque vai obviamente para o curso de Medicina, por razões já sabidas e sobejamente tratadas nestes artigos.
Seis dezenas de alunos começaram na segunda-feira, dia 1, a estudar medicina. O horizonte é o termo do curso daqui a 6 anos, quando estes alunos saírem licenciados, ou seja, forem os primeiros médicos formados pela UBI. Trata-se de uma verdadeira revolução tranquila numa pequena cidade do interior de Portugal. Não se trata apenas de mais 60 alunos a viverem numa cidade, a que se juntarão mais 60 no próximo anos e assim sucessivamente. Trata-se de, desse modo, trazer à região um saber crucial na história da humanidade. Desde há muito que esta região conta com médicos, nados e criados aqui, mas formados em universidades do litoral português ou em universidades estrangeiras. Agora formar-se-ão aqui em medicina alunos vindos de todas as regiões do país, do Minho aos Açores e à Madeira. Faltam seis anos para termos os primeiros médicos, seis anos que mudarão radicalmente a Beira interior.
A formação universitária não se circunscreve às paredes das salas de aula, bibliotecas ou laboratórios, mas também vive da sociedade e da cultura envolventes. O Imago 2000, 3º Festival Internacional de Cinema e Vídeo Jovem da Beira Interior, que decorreu na semana passada na Covilhã e em Castelo Branco, foi um evento cultural de alta craveira, do tipo dos que qualquer cidade universitária, que se preze de o ser, não pode prescindir. É com eventos desta natureza que se cria aquele ambiente cultural, de ser, viver, pensar e gostar, necessário a uma boa formação universitária. Os médicos, como quaisquer outros licenciados, engenheiros, gestores ou professores, necessitam de cultura, muita cultura, para poderem, para lá do exercício técnico da sua profissão, ser os alicerces de uma sociedade civilizada e livre.