Por Liliana Correia


O Rancho Folclórico de Ariosa, Viana do Castelo, foi um dos muitos convidados para a festa popular

A Câmara Municipal da Covilhã organizou no passado Domingo, no Teatro - Cine, o III Encontro Nacional de Folclore "Cidade da Covilhã", inserido nas comemorações do 131º aniversário da elevação da Covilhã a cidade.
A iniciativa contou com a colaboração dos Ranchos Federados do Concelho, que encontram nesta arte a forma de manter "a nossa identidade, de conservar a herança que os nossos antepassados construíram", sublinha Fernando Ferreira, vice-presidente da Federação do Folclore Português.
"Foi através da música, do canto, da dança, dos instrumentos e trajes que todo um povo nos deixou marcas da sua existência, essenciais para conhecermos tudo o que têm de mais característico, tornando-se num espelho do passado".
O folclore não é excepção sendo fundamental para "conhecermos as raízes da nossa cultura" acrescenta Maria do Rosário, vereadora da cultura da Câmara Municipal da Covilhã.
Contudo, manter a tradição requer pesquisa e "busca de informação, principalmente através dos mais idosos, acerca dos instrumentos e cantares populares que dão a conhecer uma região" refere Armando Brandão, director do Grupo de Folclore Etnográfico S. Pedro da Cova.
Na sociedade em constante mutação de ideias e atitudes, "o intercâmbio entre grupos de música tradicional constitui-se como veículo transmissor de culturas e conhecimentos que nos habitam há séculos".
Desta forma , os jovens assumem um papel dinamizador e de garantia da sobrevivência de tradições antigas e "embora inicialmente não se interessem, quando conhecem a raiz de um povo, a tradição dos pais e avós, acabam por respeitar, dando continuidade a esta cultura através do folclore", refere Armando Brandão.
O enriquecimento cultural de um povo faz-se com actividades deste género que nos colocam lado a lado com outras sensibilidades, outras formas de encararmos aquilo que nos dá a essência.

Elevação da Covilhã a cidade


Foram dez os grupos folclóricos que participaram no encontro. Cinco deles são ranchos da região, federados na Covilhã
A Covilhã comemorou no passado dia 20 de Outubro o seu 131º aniversário de elevação a cidade.
Neste sentido, a Câmara Municipal da Covilhã, em colaboração com as várias colectividades do concelho, organizou um conjunto de actividades de forma a enaltecer aquele dia, "grandioso para os covilhanenses", de forma que "as festividades fossem abrangentes e que dessem um cariz muito importante na área da cultura" esclareceu Maria do Rosário.

Desta forma, o III Encontro Nacional de Folclore, que se realizou com a presença de dez grupos de folclore nacional, sendo cinco destes, ranchos federados da Covilhã, foi uma forma de colmatar este fim de semana em festa, agradando aos habitantes da cidade.
Assim, as festividades reuniram várias áreas, como o teatro, a música, a arte, a saúde e a educação.
A Câmara Municipal pretendeu "agradar todos os gostos e culturas", promovendo desde uma peça de teatro, a uma exposição de pintura. Assim, a convite da própria Câmara, o pintor Mário Costa elaborou 32 quadros referentes às freguesias do concelho e à visão panorâmica da cidade, obras que Maria do Rosário define como "uma colecção de património".
A vereadora salienta ainda a importância de terem entregue carros adaptados a deficientes motores do concelho, acrescentando que as comemorações do dia da cidade terminarão apenas na próxima semana com a entrega dos prémios aos melhores alunos e das bolsas de estudo aos estudantes universitários.


Cultura tradicional marca a diferença

Não só o folclore salienta a cultura e a tradição. A percorrer esse caminho encontram-se várias actividades e grupos de música tradicional portuguesa como as Adufeiras de Monsanto, os Lelia Doura, os D'Orpheu e os Ódagaita.
A região da Covilhã já pôde assistir a espectáculos de todos esses grupos, que provaram que Portugal é um país é rico em costumes tradicionais.
As Adufeiras de Monsanto salientam a bela cultura presente na Beira Baixa, desenvolvendo um projecto que tem em vista o enraizamento do tradicional, mantendo para além dos tempos os trajes, a postura, o comportamento e o adufe como suporte ao canto, levando a plateia a sentir uma leveza na alma e no espírito.
Já os Lelia Doura (gaitas da Galiza) debruçam-se em busca da edificação da gaita de foles que se encontra perdida na cultura peninsular, envolvendo as pessoas num ambiente de magia ao som da música celta.
Os D'Orpheu e os Ódagaita acentuam músicos tradicionais portugueses já edificados na nossa cultura como o relato verosímil de quem fomos, quem somos e quem seremos, como Zeca Afonso, Sérgio Godinho e Fausto.