Por Catarina Rodrigues


Sessão de abertura, com a presença de algumas entidades oficiais

Nos passados dias 2 e 3 de Novembro realizou-se o II Congresso Anual da Associação Nacional para o Estudo e Intervenção na Sobredotação (ANEIS).
O congresso teve lugar na Universidade da Beira Interior (UBI) e contou com a presença de várias delegações e núcleos desta associação. Javier Tourón da Universidade de Navarra, em Espanha, e Zenita C. Guenther, da Universidade Federal de Lavras, no Brasil, foram os conferencistas convidados.
A ANEIS é uma associação portuguesa, sem fins lucrativos, fundada em Dezembro de 1998 e destina-se ao estudo e intervenção na área da sobredotação. Embora sediada em Braga, tem um âmbito nacional de actuação e desenvolve um conjunto de actividades e serviços por iniciativa de professores, psicólogos, pais, estudantes e outros agentes educativos.
Sensibilizar a opinião pública e os profissionais de educação para o tema da sobredotação foi um dos principais objectivos deste congresso. Foi discutida a forma como esta problemática tem sido pensada em Portugal. As várias delegações e núcleos da ANEIS apresentaram projectos e actividades realizadas, bem como novas iniciativas a que se propõem. O congresso destinou-se essencialmente aos profissionais de educação e ensino, já que a formação contínua destes é um ponto crucial para uma melhor compreensão da problemática da sobredotação.


"A sobredotação é um problema centrado em todos os sistemas educativos do mundo"

Segundo Leandro de Almeida, docente na Universidade do Minho, "Portugal só agora acordou definitivamente para este problema". A sobredotação era até há bem pouco tempo um tema envolvido por mitos e preconceitos, que era preciso esclarecer. Actualmente, existe já uma maior abertura por parte dos profissionais da educação, com várias associações e universidades a cobrirem este domínio.

Legislação insuficiente

Javier Tourón, do Departamento de Educação da Universidade de Navarra, afirma que "a sobredotação é um problema centrado em todos os sistemas educativos do mundo".
A legislação existente neste domínio é insuficiente pois segundo Tourón "as leis foram feitas por pessoas que não sabem nada sobre o que está a ser legislado." O conferencista deu exemplo de um aluno de 4 anos que sabendo ler e escrever não pode entrar directamente para o segundo ano de escolaridade pois a lei não o permite. Para Javier Tourón "estas crianças de alta capacidade são educadas para não serem diferentes das demais. Assim sendo, está a desperdiçar-se o seu talento."
A falta de legislação específica para estes alunos é a principal dificuldade na sua progressão dentro do sistema educativo existente. A maior parte dos alunos sobredotados acabam por não tirar partido das suas capacidades criativas e intelectuais devido a estarem condicionados a uma aprendizagem desadequada. Uma das conclusões retiradas deste encontro foi a ideia de que nem só a criança sai a perder desta situação, mas também a sociedade em geral, que não assume os sobredotados e as suas capacidades nas mais diversas áreas.



ANEIS da Covilhã

 
A delegação da ANEIS da cidade da Covilhã trabalha com base numa definição multidimensional da sobredotação. Segundo a presidente desta delegação, Fátima Simões "dar resposta às necessidades educativas específicas de cada indivíduo é essencial em qualquer sistema educativo".
As actividades desenvolvidas na ANEIS da Covilhã centram-se sobretudo no aconselhamento a alunos, pais e professores, na identificação de alunos sobredotados bem como programas de enriquecimento para os mesmos. Este delegação dedica-se também à área de investigação e à realização de acções de formação para a comunidade educativa.