O Xangô de Baker Street

De Miguel Faria Júnior

por ana maria fonseca

O Xangô de Baker Street, baseado no livro homónimo de Jô Soares, é uma comédia que mistura aventura policial e suspense, além de promover o encontro de diversas figuras históricas nas situações mais inusitadas.
O filme, tal como o livro, passa-se em finais do século XIX, quando a França influenciava directamente vida cultural no Rio de Janeiro.
D. Pedro II (Cláudio Marzo) fica intrigado com o mistério em torno do roubo do valioso violino Stradivarius. A actriz francesa Sarah Bernhardt (Maria de Medeiros), a trabalho no Rio naquela altura aconselha-o a solicitar os serviços do notável detective Sherlock Holmes (Joaquim de Almeida). O inglês aceita o pedido, sem saber que vai se deparar com o primeiro "serial killer" da história, responsável por uma onda de crimes hediondos e enigmáticos. Enquanto o assassino concretiza os seus intentos, Sherlock e o seu amigo inseparável, Dr. Watson (Anthony O'Donnell), desfrutam os prazeres da feijoada, vatapás, mulatas e muitos outros oferecidos pelo Rio.
O filme é uma grande brincadeira. Mostra o início da globalização do Brasil quando há a troca de culturas diferentes. A adequação à época não deixa nada a desejar. Um grande senão: Para quem já leu o livro o suspense possível perde-se quase logo ao início, restando a expectativa das peripécias do livro que o realizador inclui ou não na película. Muitos episódios se perdem e nenhum se ganha, uma vez que o filme seguiu à letra a obra de Jô Soares.
Para quem ainda não leu, aconselha-se primeiro uma espreitadela ao filme. Se não gostarem do tipo de humor, não vale a pena pegar na versão escrita.
É um filme divertido onde não faltam também crimes hediondos e muitas nacionalidades à mistura. Pelo menos quatro línguas diferentes dão ritmo à intriga cómica regada com suspense.
O filme foi rodado em Portugal, na cidade do Porto e no Brasil e conta com as prestações de Maria de Medeiros e Joaquim de Almeida.
A ver, para 94 minutos de humor irónico.