João Alves
NC/Urbi et Orbi


Os Amigos da Linha classificam as obras de "erro estratégico"

O Grupo de Amigos do Caminho de Ferro da Beira Baixa não percebe a maneira como estão a ser aplicados milhões de contos na modernização da linha da Beira Baixa.
No boletim informativo (nº 18- Ano IX) dos associados, relativo ao mês de Novembro, os Amigos relembram os 110 anos da linha e as "ditas obras de modernização" entre elas a renovação integral da via de Vale Prazeres à Covilhã, que para este grupo "jamais o serão, dado que o nível das velocidades praticadas, quando um terço do percurso fica à velocidade máxima de 80 quilómetros por hora". Os Amigos da Linha da Beira Baixa afirmam que apesar dos "17 milhões de contos a investir até 2003, não se conseguirá ganhos de tempo superiores a 30 minutos pelos ICs, de Lisboa a Covilhã, porque como o temos dito, os comboios vão andar quase às mesmas velocidades com tracção eléctrica". Este grupo dá como exemplo as obras da segunda fase, entre Mouriscas e Castelo Branco, em que, "feitas as contas, vai-se ganhar sete minutos. Muito pouco para tantos milhões gastos". Por isso, os Amigos consideram que estas obras são "um erro estratégico" e contestam ainda a hipótese da CP terminar a curto prazo, em Castelo Branco, o serviço de longo curso da Beira Baixa, "deixando a Covilhã e o Fundão ligados apenas a Lisboa por um complementar serviço regional de acesso aos ICs. Esta hipótese tem de ser definitivamente posta de lado, pela razão óbvia que a Covilhã e o Fundão são, no mínimo, pólos geradores de trâfego da mesma dimensão de Castelo Branco".
Os Amigos da Linha da Beira Baixa defendem que era preferível gastar mais alguns milhares de contos em expropriações para optimizar o traçado e conseguir de facto "um sério aumento e uma concreta homogeneização de velocidades, para que se pudesse falar de uma verdadeira modernização de uma ponta à outra do percurso". Quanto ao trajecto entre Covilhã e Guarda, inserido na fase III da modernização, os Amigos continuam a perguntar quando é que a obra, "que já deveria ter sido iniciada", vai finalmente arrancar. No mesmo boletim, esta associação critica ainda a falta de intervenção nos edifícios de passageiros das estações do Fundão e Covilhã e salienta o desejo de que, no futuro, se possa fazer o trajecto entre Lisboa e a cidade serrana em apenas três horas. Recorde-se que até 2006, a Refer tem como prioridade a modernização desta linha, a par de outras intervenções no Norte e Sul.

TGV pelo Interior

Os Amigos da Linha da Beira Baixa debruçam-se ainda sobre uma questão que tem andado na ordem do dia, no que toca a acessibilidades: o traçado do TGV em Portugal. Recorde-se que, apenas este mês, nos dias 19 e 20, aquando de uma cimeira Luso-Espanhola, deverá ser conhecida qual a opção a tomar no que diz respeito à escolha do traçado, mas que já alguns autarcas, como Joaquim Morão (Castelo Branco) e Maria do Carmo Borges (Guarda) se manifestaram contra uma das propostas que a RAVE (Rede Ferroviária de Alta Velocidade, SA) apresentou e que previa uma ligação entre Aveiro, Viseu e Salamanca. Os autarcas dizem que tal opção acaba por servir os interesses espanhóis.
Para os Amigos, esta nova linha deverá estar ao serviço do País, pelo que o traçado pelo Alto Alentejo ou Beira Baixa lhes parece mais correcto. Apesar de ser uma construção "mais cara", os Amigos salientam que Porto e Lisboa ficarariam sensivelmente à mesma distância de Madrid e que também o Interior ficaria a ganhar com ligações rápidas a estas duas cidades.