João Alves
NC/Urbi et Orbi


O ministro José Sócrates acredita que, nos próximos cinco anos, a região e o País "podem atingir os índices ambientais dos melhores países do mundo"

"Castelo Branco vai ter água, aconteça o que acontecer". A convicção é expressa pelo ministro do Ambiente e do Ordenamento do Território, José Sócrates, que, na sexta-feira, 25, apresentou no Cine-Teatro Avenida o projecto para a construção da nova Barragem que irá reforçar o abastecimento de água ao concelho albicastrense.
Este projecto, segundo o administrador da empresa Águas do Centro (responsável pela obra), Arménio Figueiredo, foi iniciado pela Câmara de Castelo Branco. Mas, após em Junho de 2001 ter sido constituída esta empresa que irá construir o sistema Multimunicipal de Abastecimento e de Saneamento de Águas Residuais de Raia, Zêzere e Nabão, o projecto passou para as mãos da Águas do Centro. Esta nova Barragem visa contribuir para uma gestão mais adequada dos recursos hídricos da região através do abastecimento de qualidade e em quantidade. Localizada junto à aldeia de Barbaído, a Barragem servirá as populações dos concelhos de Castelo Branco, Idanha-a-Nova, Proença-a-Nova, Vila Velha de Ródão e, muito possivelmente, a zona sul do concelho do Fundão. Para além disso, poderá beneficiar igualmente o sector hidroagrícola, assim como, noutras utilizações de água, as áreas da piscicultura, lazer, turismo e combate a incêndios florestais.
O investimento é de 20 milhões de euros (cerca de quatro milhões de contos). A barragem irá integrar o sistema que abastece uma população de cerca de 120 mil pessoas e deverá estar pronta em 2006. Isso mesmo confirma o administrador da Águas do Centro, Arménio Figueiredo, que diz estar a decorrer o estudo de impacte ambiental e que, quando este processo terminar, "a construção poderá demorar ano e meio, ou dois anos".

Olivais e terrenos agrícolas submersos

A localização da Barragem, a cerca de dois quilómetros da aldeia de Barbaídos (designada pelos populares de "Centro do Mundo"), é a mais provável, já que os estudos da empresa responsável pelo projecto, a COBA, apontam para que este local reúna as melhores codições técnico-económicas e ambientais.
A melhor qualidade da água do Rio Tripeiro, a maior facilidade de ligação ao sistema de abastecimento de Santa Águeda e a minimização dos impactes ambientais, são as principais razões que justificam esta opção. Mas existem outras, tal como a maior capacidade de armazenamento de água (27 milhões de metros cúbicos). A barragem terá 32 metros de altura, devido às condições topográficas do local. Porém, a COBA estudou outros três locais, mas no rio Ocreza. O primeiro sítio seria próximo da ponte que liga a aldeia de Caféde a Castelo Branco, o segundo a 200 metros da ponte, na estrada que liga a cidade albicastrense ao Salgueiro do Campo e o terceiro a cerca de 200 metros a jusante dessa mesma ponte. Só que, segundo Luís Gusmão, da COBA, estes locais iriam aumentar os custos da Barragem, teriam constrangimentos penalizantes em termos ambientais e algumas pontes e estradas seriam inundadas. Mas, também no Barbaído, olivais e terrenos agrícolas irão ficar submersos, o que já provocou o descontentamento dos proprietários que, em declarações à RTP/Regiões, dizem não saber que iria ali ser construída a Barragem e afirmam apenas terem sido avisados por verem essa intenção noticiada em meios de comunicação social. A verdade é que a obra vai avançar e, segundo Luis Gusmão, com este reforço, Castelo Branco não voltará a viver problemas de falta de água, mesmo nos anos em que ocorra seca prolongada. Já para o presidente da Câmara albicastrense, Joaquim Morão, este era um problema que a autarquia queria resolver, mas que agora será colmatado "de uma vez só", através do Sistema Multimunicipal. "Penso que ficará resolvido o problema de água nos próximos 100 anos", afirma Joaquim Morão, que diz acreditar nas capacidades da empresa Águas do Centro e elogia o trabalho de José Sócrates no Governo: "Foi um grande homem para o distrito".
Quanto ao ministro do Ambiente, José Sócrates, mostra-se esperançado em que, nos próximos cinco anos, tanto a região como o País possam atingir os índices ambientais dos melhores países do Mundo, ou seja, "ter 95 por cento do abastecimento de água em qualidade e 90 por cento de águas residuais tratadas. Esta é uma reforma estrutural. Acabou-se com a visão concelhia das coisas", explica o ministro. E garante que, assim, com uma só empresa a gerir um só sistema, tudo é mais barato. Sócrates realça ainda o bom trabalho ambiental desempenhado no distrito, nomeadamente no que diz respeito ao encerramento de lixeiras. "Em 1996, o distrito era só lixeiras. Hoje, já não existe nenhuma", salienta.

 



Sistema abrange 13 municípios

O Sistema Multimunicipal de Abastecimento de Água e Saneamento de Águas Residuais da Raia, Zêzere e Nabão é da responsabilidade da Águas do Centro. Esta empresa é constituída pela Águas de Portugal e os 13 municípios abrangidos pelo Sistema, ou seja, Alvaiázere, Castanheira de Pêra, Castelo Branco, Ferreira do Zêzere, Figueiró dos Vinhos, Idanha-a-Nova, Oleiros, Pampilhosa da Serra, Pedrógão Grande, Proença-a-Nova, Tomar e Vila Velha de Ródão.
O Sistema integrado de abastecimento de água e de saneamento de águas residuais visa contribuir para a protecção dos recursos hídricos e melhorar os níveis de atendimento da população. Terá capacidade para fornecer diariamente 50 milhões de litros de água, a cerca de 200 mil habitantes. No saneamento, permitirá tratar um caudal diário de 30 milhõe de litros de esgoto doméstico e industrial, que correspondem a cerca de 215 mil habitantes. O Sistema será composto por 20 Estações de Tratamento de Água (ETA), 31 estações elevatórias e 40 reservatórios. A interligação destes componentes será assegurada por 720 quilómetros de condutas, 500 das quais a construir. Quanto às Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) serão 98, serão construídos 240 quilómetros de interceptores 41 estações elevatórias.
O total do projecto envolve um investimento de 169,6 milhões de euros (cerca de 34 milhões de contos), para que, no abastecimento de água, 98 por cento da população seja abrangida e 85 por cento no saneamento de águas residuais.