Como aprender a dançar, pular e espernear em 35 minutos


Is this it

The Strokes

BMG Entertainment | 2001


Por Sérgio Felizardo

Pouco mais de 35 minutos é o tempo suficiente para a rendição total e incondicional de quem ouve "Is this it" ao rock n´roll dos norte-americanos The Strokes. Porquê é difícil de explicar. Elevados ao pedestal de salvadores do rock de um limbo em que constantemente o acusam de permanecer moribundo, os Strokes provam que, afinal, o "morto" caminha (ou melhor salta desenfreadamente), respira e está de muito boa saúde.
A banda de Julian Casablancas (voz), Nick Valensi e Albert Hammond Jr. (guitarras), Nikolai Fraiture (baixo) e Fab Moretti (bateria), cinco rapazes que transpiram rebeldia e desalinho por todos os poros, pega nas coordenadas desenvolvidas pelos seminais Velvet Underground, acrescenta-lhe uma atitude própria das referências pré-punk deixadas pelos Stooges de Iggy Pop, ou pelos sónicos MC5, envolve tudo num celofane colorido, com Nova Iorque estampado a letras garrafais no rótulo, e carregadinho de açúcar daquele de comer e chorar por mais, e está feito. Uma simplicidade estonteante, que resulta num disco fresco para ouvir e dançar até a exaustão uma e outra vez, tal é a carga viciante dos seus 11 temas. Atente-se a pérolas como "Soma", "Someday", "Last nite", ou "Trying your luck" e comprove-se o porquê da digressão europeia da banda estar já esgotada, apesar de só começar em Março, e da atenção dispensada pela critica internacional, com a esmagadora maioria das publicações da especialidade a considerarem "Is this it" como o melhor álbum de 2001. Porquê? Talvez porque, afinal, o rock esteve sempre vivo, numa esquina sombria à espreita de uma oportunidade para voltar àqueles que nunca o relegaram.