O Barbeiro


De Joel e Ethan Coen


Por Ana Maria Fonseca


Uma pequena cidade americana de finais dos anos 40 serve de palco a "O Barbeiro". Ed Crane (Billy Bob Thornton) é o barbeiro. A profissão surgiu por acaso e não lhe dá o mínimo prazer. O trabalho é simples, mas repetitivo e sem graça, aspecto que, aliás, toma conta da sua vida. Casado com uma mulher que não chegou a conhecer, leva uma vida que nunca desejou.
O impulso de mudar é inevitável, e chega através de uma coincidência. O barbeiro descobre que a mulher, Doris (Frances McDormand), tem um caso com o patrão (James Gandolfini).
Perante um negócio que lhe parece uma boa oportunidade de mudança, a limpeza a seco, Ed resolve arriscar. Vai chantagear o amante da mulher, através de uma carta anónima, pedindo 10 mil dólares, quantia necessária para investir no negócio da limpeza a seco.
A investida sai-lhe cara, pois o chantageado descobre a proveniência do bilhete. A partir desse momento, a vida de Ed muda irremediável, embrulhando-se numa panóplia de acontecimentos que engordam a tragédia, como uma bola de neve.
Ed e a sua vida combinam na perfeição com o preto e branco em que o filme surge no ecrã. O seu rosto é inexpressivo, mas consegue exprimir tudo, com a ajuda da voz off que nos leva para o seu mundo interior e para a forma simples mas mordazmente sarcástica com que descreve pessoas e situações à sua volta.
Uma comédia negra dos irmãos Coen, realizada por Joel e produzida por Ethan que conquistou o Prémio de Realização no último Festival de Cannes. "O Barbeiro" tem também três nomeações para os Globos de Ouro: Melhor Filme, Melhor Argumento (Joel e Ethan Coen) e Melhor Actor (Billy Bob Thornton).