David Lynch


Por Ana Maria Fonseca



Um universo paralelo entre realidade e sonho. Uma história que pode ter mil interpretações. É esta a enigmática proposta de David Lynch no seu novíssimo Mulholland Drive.
Uma Hollywood criticada aparece misteriosa sob os olhos de duas mulheres. Uma perdeu a memória, a outra vem perseguir um sonho, ser actriz. A loura e a morena apaixonam-se, enchendo o ecrã de sensualidade.
Mas afinal nada é o que parece. É uma maneira de descrever "Mulholland Drive", por fragmentos, porque são fragmentos que aparecem entre a realidade e o sonho. Uma viagem durante a noite por uma estrada escura, com o vento a trazer histórias do passado de Hollywood e outros destroços humanos.
À semelhança de Twin Peaks ou Estrada Perdida, a película de Lynch, nomeada nos óscares de Holywood para melhor realizador, prémio que acabou por não ser atribuído a esta aventura, conduz-nos mais uma vez pela obscuridade da mente, onde tudo parece ser possível.
"Não sei qual é a extensão da mente. Apenas sei que as ideias aparecem lá e que são fascinantes", diz o realizador. Fascinante é a mestria com que Lynch coloca em película as ideias, os ambientes, os sonhos. Um filme a não perder.