Um casal e os seus conflitos numa cena de "O Amante"
Relações conjugais em palco
Artistas Unidos apresentam "O Amante"

Depois de "Primeiro Amor", os Artistas Unidos apresentaram na Covilhã "O Amante", uma peça que se centra num "jogo" obsessivo e nos conflitos resultantes de uma relação extra-matrimonial.


Por Sandra Invêncio


"O teu amante vem hoje?", pergunta Marco a Clara, no início desta peça baseada num texto do britânico Harold Pinter. Com encenação de Jorge Silva Melo, "O Amante" propõe uma reflexão acerca das relações conjugais vividas actualmente.
O público que assistiu à peça na passada quinta feira, 9 de Maio, seguiu a história de duas personagens que atravessam uma crise matrimonial e decidem quebrar as regras do casamento criando um amante fictício. O amante é o próprio marido que acaba por ter ciúmes de si mesmo. Esta forma de avivar a relação acaba por criar um casal marcado pela obsessão, enganos e subentendidos.
Segundo o actor Marco Delgado, "esta peça mostra a necessidade de uma maior criatividade e imaginação dentro do casamento como forma de atravessar fases menos boas que possam surgir". Apesar do público ser pouco numeroso, o actor sentiu "um envolvimento por parte das pessoas presentes, uma intimidade que cresceu gradualmente ao longo do desenrolar do enredo".
Referindo-se à actual situação do teatro em Portugal, Marco Delgado defende a urgência de "uma política de descentralização da cultura. Existe pouco capital mas muita força de vontade e muitas ideias novas com valor espalhadas por todo o país", acrescenta. Em sua opinião, a forma de atenuar esta situação passa pela aposta num projecto cultural que não vise apenas Lisboa e Porto e por uma maior divulgação através de figuras mediáticas: "Veja-se o caso de sucesso d' "Os Pés no Arame" de Rodrigo Guedes de Carvalho. Há que fazer de tudo para levar as pessoas ao Teatro".
"O Amante" estreou no passado mês de Janeiro no Porto, já esteve em Lisboa, na Covilhã e partirá em digressão por todo o país. Os Artistas Unidos prometem continuar a apostar em dramaturgos contemporâneos pouco conhecidos e em novos talentos.