João Alves
NC/Urbi et Orbi



A esquadra da PSP necessita de uma rampa de acesso para deficientes

O relatório em que a Inspecção Geral da Administração Interna (IGAI) recomendava o fecho da esquadra da Covilhã tem o aval da Associação dos Profissionais de Polícia (APP). Ou seja, esta associação concorda com o fecho das instalações na cidade, pois as condições em que trabalham os cerca de 90 agentes na Covilhã não são realmente as melhores. Pelo menos, é esta a opinião do delegado da APP, na Covilhã, Leonel Silva que, no entanto, recorda já ter havido algumas melhorias depois das obras que foram efectuadas há meses atrás.
"Antes, chovia lá. Dava-se o caso caricato de andarmos de balde a procurar os sítios onde caía a água. Isso agora já não acontece" explica Leonel Silva, ele próprio um dos agentes que trabalha na esquadra da Covilhã, desde Agosto de 1999. Este responsável da APP aponta algumas melhorias, como por exemplo o arranjo de algumas janelas, a remodelação das casas de banho "não se admitia estarem como estavam", mas salienta que ainda há muito por fazer. "Falta uma rampa de acesso para deficientes. Se alguém nestas condições tiver que ir à esquadra, tem que pedir ajuda aos agentes. É inadmissível. Só por isso, seria logo fechada a esquadra" explica Leonel Silva.
Para o delegado da APP, o próprio edifício, no seu interior, encontra-se bastante degradado e tem um hall de entrada que assusta. "A primeira vez que cá vim, para me apresentar, fiquei chocado. Parecia tudo menos uma esquadra. Tem um aspecto pouco atractivo. Hoje, estas estruturas têm de o ser. É que as pessoas ainda têm pouco à vontade para se dirigirem à polícia e, se dão de caras com estas condições, voltam para trás. As condições têm que contribuir para a boa imagem da polícia" afirma Leonel Silva. E salienta que "facilmente um cidadão irá sentir o mesmo que eu senti. A própria IGAI alerta para a necessidade de mostrar que a polícia evoluiu, tem que mostrar maior abertura e modernidade. A esquadra da Covilhã não permite isso".

"Fecho é recomendável"

Mas existem mais problemas, alguns bens mais graves. Para além dos esgotos, "às vezes há mau cheiro" e do sistema eléctrico "que já não é o mais eficaz", há uma situação que preocupa mais Leonel Silva. "Penso que têm que se tomar medidas contra algo que pode pôr em causa, não só a segurança de quem lá trabalha, mas também de quem lá vai. Tem a ver com o sítio em que está armazenado o armamento. Não tem as mínimas condições, já que a ventalização é bastante deficiente. Mesmo que o armamento seja em pequena quantidade, se não houver ventilação adequada, pode dar-se o risco de haver uma explosão. Ainda por cima, num local em que há pisos em madeira" salienta este responsável. Leonel Silva nega que se possa dizer ali existir um barril de pólvora, mas "é preciso ter muito cuidado. Não vale a pena iludir a questão". Na Covilhã, é raro haver polícias a pernoitar na esquadra. No entanto, em alguns casos, há a necessidade de dois ou três agentes ali ficarem. E nesse capítulo, "o pouco que há é mau. A camarata está degradada. Só a casa de banho é que se aproveita".
Por tudo isto, "penso que o fecho é recomendável. É bom que estes realtórios surjam. Mas não podemos pôr os polícias na rua. O relatório procura transmitir a ideia de que são necessárias novas instalações. Não sei porque é que o processo não anda. É lamentável" afirma Leonel Silva. E ressalva que o relatório do IGAI não pode ser seguido à letra, embora seja urgente haver nova esquadra. A APP, caso a situação continue como está, promete trazer de novo o assunto à ribalta, pois "a pressão da própria opinião pública é, às vezes, mais relevante que a nossa. Talvez assim se consiga construir uma nova esquadra".
Aquando da visita do Governador Civil do distrito, o comandante da PSP, Salvado Lopes, salientava que as condições ideiais não estava criadas na esquadra, embora já tivessem sido feitos melhoramentos. O comandante dizia ser necessário material informático, e que quanto a novas instalações, "isso é algo que já não passa pela Polícia".


 



Metade dos agentes são sócios da APP



A Associação dos Profissionais de Polícia (APP) rege toda a sua acção pelos princípios da liberdade democrática, pluralismo e independência. Os princípios de igualdade e participação dos associados são fundamentais para a Associação. Entre os seus principais objectivos, à APP compete representar os seus sócios, interna ou externamente, na defesa dos seus interesses, de acordo com o regime do exercício de direitos do pessoal da PSP. Com sede em Lisboa, a APP exerce actividade em todo o território nacional e tem, na região, uma delegação na Guarda. Na Covilhã, Leonel Silva é o seu representante.
Na esquadra da cidade serrana, dos mais de 90 agentes que ali exercem funções, cerca de 40 são sócios da APP. Para Leonel Silva, o objectivo da organização é defender a polícia e as suas condições de trabalho. "Às vezes as associações perdem-se um pouco nas questões salariais. Um polícia não ganha bem, mas não podemos centralizar de mais essa questão. Hoje, todo o País é afectado por limitações financeiras, e logo, toda a gente sofre com os ordenados. As nossas perocupações são mais abrangentes. Há questões que, às vezes, se consideram secundárias, mas que são importantes" explica o delegado da Covilhã. Leonel Pires recusa a possibilidade de conflitos entre agentes sócios e não sócios da APP, até porque "não fazemos essa distinção. Defendemos todos os polícias".