João Alves
NC/Urbi et Orbi



Carlos Pinto pretende que, quando o relógio parar a contagem decrescente, tudo esteja pronto na Covilhã

O presidente da Câmara da Covilhã, Carlos Pinto, acusa o Estado de não cumprir com o pagamento de verbas estipuladas para o Programa Polis. O autarca mostra-se preocupado com o futuro e diz que, inicialmente, estavam previstos 13 milhões de contos, uma verba que ficou reduzida a metade. Por isso, "se formos capazes de requalificar a cidade, não ficaremos com a situação ideal e que desejávamos", explica Pinto.
Numa sessão de esclarecimento sobre o Polis, que decorreu no sábado, no edifício de Arte e Cultura da Covilhã, promovida pela delegação distrital da Ordem dos Arquitectos, Carlos Pinto disse mesmo duvidar que a administração pública portuguesa estivesse preparada para fazer face a "tanta ambição, distribuída por tantas cidades, com recursos tão dispersos como o tesouro, fundos comunitários e camarários". O autarca diz que, para levar o Programa em frente é preciso um grande esforço da autarquia e que no futuro, a Câmara poderá pagar a factura. "As obras estão a decorrer dentro dos prazos, apesar do Governo não estar a cumprir com as transferências de recursos financeiros. E as próprias candidaturas a fundos comunitários ainda não têm respostas precisas" explica o autarca. Convencido de que em 2005 tudo estará pronto, Pinto afirma que, se calhar, nessa altura, será necessário um segundo Polis, embora de âmbito mais reduzido, para deixar a cidade como deve ser. Já foram gastos no Polis 65 milhões de euros, mas a autarquia diz-se credora de 25 milhões. O autarca, no entanto, mostra-se pouco preocupado com recentes declarações do Ministro das Cidades, Isaltino Morais, que afirma poder haver reformulação de verbas a atribuir às cidades que foram contempladas pelo Programa. Pinto diz que, "os reajustamentos tanto podem ser para diminuir como para aumentar".

Prioridade aos peões

Segundo o arquitecto Nuno Teotónio Pereira, responsável pelo Programa na Covilhã, o objectivo inicial do Polis era reabilitar as ribeiras da cidade, mas que depois se pensou que estas deveriam estar mais relacionadas com as gentes da Covilhã. Depois de elogiar o trabalho desenvolvido pela UBI na recuperação de antigas fábricas, Teotónio Pereira explicou que a nova Covilhã terá parques, pontes para bicicletas e peões, miradouros, elevadores públicos e escadas mecânicas. O objectivo é fazer com que a população dependa menos dos automóveis e possa deslocar-se na cidade a pé. Serão reaproveitados, perto dos Penedos Altos, alguns terrenos para loteamento, mas pretende-se que alguns terrenos agrícolas continuem a ser cultivados. Junto à Ponte do Rato, por exemplo, surgirá uma rotunda, serão recuperados edifícios e será implementado um jardim com bar e restaurante, propício ao convívio.
Já foram realizadas algumas obras, como a renovação do Jardim Público e largo de Infantaria 21, a requalificação da zona envolvente à Igreja de Nossa Senhora de Fátima e a aquisição de vários imóveis, bem como demolição de outros, junto à ponte do Rato. Apesar de alguns atrasos, Carlos Pinto garante que a despoluição das ribeiras da Goldra e Carpinteira estarão prontas até final do ano. Na quarta-feira, 19, foi lançado um concurso público para o tratamento do leito dos cursos de água e em Setembro inicia-se as obras no Jardim do Lago. Também será aberto concurso para a iluminação da ponte dos Oito Arcos e, fora do Polis, a autarquia pretende iluminar uma outra ponte férrea, que passa por cima da nacional 18, junto ao Canhoso.

 



Um segundo teleférico em estudo



Afinal, a Covilhã pode ter, não um, mas dois teleféricos. A novidade foi adiantada pelo arquitecto Teotónio Pereira. Este responsável explica que este projecto ainda está em estudo e que poderá ser substituído por uma ponte pedonal, pois ainda existem dúvidas quanto à sua rentabilidade. O novo teleférico ligará, caso avance, os Penedos Altos ao Jardim Público. Já o autarca, Carlos Pinto, mostra-se convencido que este é um projecto "realizável".
Quanto ao primeiro teleférico, que liga a Central de Camionagem à zona histórica da cidade, verá o seu concurso público ser lançado dentro de uma semana e que pretende que o novo meio de transporte não seja apenas turístico, mas sirva também para o quotidiano das pessoas. O autarca promete "tarifas acessíveis".
A extensão é de 600 metros, com quatro torres e capacidade de resistência a ventos de 100 quilómetros por hora. As cabinas, de seis lugares, vão circular entre as sete e a uma da manhã, esperando-se que, todos os dias, 600 pessoas utilizem aquele meio de transporte.