Automotora que fazia nos anos 60 o percurso Covilhã-Lisboa só demora menos meia hora que o actual Inter-cidades
Antiga "Rápida" da Covilhã regressa a Lisboa
Hoje, à velocidade dos anos 60

Foi em 1962 que a "Rápida" iniciou as viagens da Covilhã para Lisboa. 40 anos passados, a automotora regressou à capital para mostrar que em décadas, a viagem só demora menos meia hora.


Por Ana Maria Fonseca


Em 1962 a "Rápida" da Covilhã chegava a Lisboa cinco horas depois de ter partido da cidade neve. Quarenta anos passados, o inter-cidades demora menos meia hora a fazer o mesmo percurso.
Foi para comemorar os 40º aniversário da automotora "Rápida" covilhanense que a Associação 6 de Setembro promoveu uma viagem a Lisboa neste veículo ferroviário que não efectuava tal percurso há 30 anos, embora efectue diariamente as viagens entre a Covilhã e a Guarda.
O objectivo foi "comemorar o aparecimento desta circulação conhecida na época por "Rápida" da Covilhã, um serviço óptimo naquele tempo, de primeira categoria, e também estarmos em são convívio, além de chamar a atenção para alguns pormenores da paisagem e da circulação", refere Hélder Bonifácio, responsável pela organização da viagem e um dos amigos da Linha da Beira Baixa.
Saídos da Covilhã ainda não eram 10h30, seguindo o antigo horário da automotora, os cerca de 50 passageiros, a maioria amantes dos comboios, conviveram durante todo o percurso e visitaram o museu ferroviário da CP em Santarém.
A chegada a Lisboa aconteceu quando pouco faltava para as 14h15, ou seja, passadas menos de cinco horas. Uma viagem onde se provou que o problema não está nos comboios mas sim na via. Várias paragens foram necessárias durante a viagem, uma vez que na maior parte do percurso existe uma via única que obriga a que um veículo pare, para que outro possa passar, o que só acontece nas estações e apeadeiros, únicos locais onde a via é dupla.


Uma hora ganha, 40 anos depois

A "Rápida" da Covilhã junto ao Alfa Pendular, à chegada a Lisboa

O investimento feito durante largos anos não beneficiou, na opinião de Hélder Bonifácio, a demora no percurso. "A prova é que o inter-cidades demora quase tanto tempo como esta automotora", salienta. O problema está nas vias, e não no equipamento. "Estamos muito em desacordo com o tipo de investimento feito nesta linha, porque é muito improdutivo, são cerca de 20 milhões de contos que se vão gastar na infra-estrutura quando o que está previsto em termos práticos é que o comboio vai ganhar meia hora", explica.
Hélder Bonifácio diz que o investimento tão avultado não compensa, porque não são as obras de electrificação que darão mais velocidade substancial ao percurso.
Com as obras que já decorrem na Linha da Beira Baixa, a ligação Covilhã-Lisboa ganhará mais meia hora, o que totalizará, no futuro, uma vantagem de uma hora neste percurso, mais de quarenta anos depois.