Com cerca de 28 quilómetros, o troço Mouriscas-Gardete encurta em 30 minutos a viagem para Lisboa
Troço Mouriscas-Gardete inaugurado
Interior a um passo de Lisboa e da Europa

Com 28 quilómetros, o troço Mouriscas-Gardete poupa 30 minutos na viagem para Lisboa. Durão Barroso inaugurou o traçado com pompa e circunstância, mas não escapou aos protestos locais contra a instituição de portagens na futura Auto-Estrada.


Alexandre Silva
NC/Urbi et Orbi


O Interior está, agora, mais perto de Lisboa. Inaugurado no último sábado, 20, pelo primeiro-ministro Durão Barroso, o troço Mouriscas-Gardete, que liga o IP6 à futura Auto-Estrada da Beira Interior, retira cerca de meia-hora à viagem entre Castelo Branco e a capital do País.
O lanço, que já está aberto ao trânsito, prolonga-se por uma extensão de cerca de 28 quilómetros e significa um investimento de mais de 12 milhões de euros. A obra, que acabou por ser concluída dois meses antes do previsto, contempla cinco viadutos, um dos quais, sobre o leito do Rio Ocresa, o maior do País, com 106 metros de altura.
Para além dos benefícios imediatos do troço, Pedro Cunha Serra, presidente do Instituto de Estradas de Portugal (IEP) lembra que, "quando concluída, a Auto-Estrada da Beira Interior, já designada de A23, vai ser a mais importante do País na medida em que vai ser a mais utilizada pelo tráfego oriundo da Europa via Vilar Formoso". O primeiro-ministro subscreve as palavras do dirigente do IPE e acrescenta que, "para além de aproximar Portugal da Europa, a Estrada vai unir mais as regiões do País entre si". Para o líder do Executivo, a nova via vai permitir um "desenvolvimento mais equilibrado e tornar mais competitiva a zona Interior do País, na medida em que dá mais hipóteses ao investimento exterior na região". Barroso acredita que a Auto-Estrada vai ser uma "nova arma para a afirmação da, outrora esquecida, Beira Baixa" e desmente que o Governo esteja a equacionar a possibilidade de parar com as obras. Aliás, reitera, "se possível, a conclusão da totalidade dos trabalhos, prevista para final de 2003, será antecipada".

Portagens só para visitantes

Durão Barroso confrontado com os protestos da Comissão de Utilizadores da Auto-Estrada

Em relação à questão que mais polémica tem levantado nos últimos tempos, o pagamento de portagens na futura Auto-Estrada, o primeiro-ministro é peremptório: "Residentes, trabalhadores e investidores na região não pagam". Um modelo que diz não defender por princípio uma vez que, sublinha, "as obras públicas têm que ser pagas por quem as utiliza". No entanto, o chefe do Governo reconhece que os "graves problemas de interioridade com que se debate a Beira Interior justificam esta medida de discriminação positiva e um esforço de solidariedade nacional".
Quem continua a não concordar com a solução encontrada pelo Executivo são a maioria dos autarcas locais e a recém-formada Comissão de Utilizadores da Auto-Estrada da Beira Interior, que organizou uma manifestação de protesto junto do local da cerimónia de inauguração. Segundo Jorge Fael, um dos impulsionadores da Comissão, esta medida, continua a prejudicar a região uma vez que afasta os visitantes. José Sócrates, também presente na cerimónia, salienta, por seu lado, "os investimentos suplementares para a colocação de portagens" para reafirmar que "as medidas de excepção seguidas pelo Governo, para além de injustas, não compensam". Para Joaquim Morão, presidente da Câmara de Castelo Branco, o sistema de excepção, que Durão Barroso não chegou a explicar como vai funcionar, "torna-se ainda mais grave, na medida em que não vão existir alternativas à Auto-Estrada, que vai ser a única via de ligação entre a região e Lisboa".