Por Ana Maria Fonseca


Alguns dos professores que leccionaram na Escola do Bairro Municipal não quiseram faltar a esta homenagem

Por esta escola, a única na Covilhã que funcionou numa colectividade, passaram três gerações de alunos. Nos últimos 60 anos, o Grupo de Educação e Recreio Campos Melo albergou na sua sede uma escola do 1º Ciclo do Ensino Básico. Desde o passado ano lectivo que as crianças já não frequentam este estabelecimento, desde sempre diferente de uma escola convencional, depois de terem sido transferidos para "A Lã e a Neve".
José Guilherme, actual director da colectividade, também estudou na antiga Escola do Bairro Municipal.


Muitas crianças passaram por esta escola durante 60 anos, mas agora estudam na "A Lã e a Neve"

Desses tempos lembra a rivalidade que havia com as crianças do Bairro da Biquinha "andávamos sempre às turras", e a ligação à colectividade que ficou para sempre. "Os alunos que frequentaram esta escola, posteriormente ou foram atletas, ou andaram no teatro e muitos deles, foram dirigentes do Grupo", refere.

Mas nem tudo eram rosas. O professor Barata, que leccionou na Escola do Bairro Municipal entre 1965 e 1972, lembra a falta de condições da sala e do recreio.
"Não havia muitas condições, o recreio era muito pequeno, estava muito perto da Serra e aqui nevava mesmo". A sala "tinha apenas as mesas, cadeiras e o quadro, uma régua e uma vara. Havia uma caixa escolar que funcionava mal. O grupo ajudava alguns pais e o professor dava aulas sem material pedagógico, a não ser aquilo que trazia de casa", recorda.
Apesar disso, ficou contente quando foi colocado nesta escola "porque queria vir para a cidade". Como sempre esteve envolvido no associativismo " colaborava com o jornal que nasceu na altura e fui presidente da mesa da assembleia".
No dia em que se comemoraram 60 anos da presença escolar nesta colectividade e homenagearam todos os que tornaram essa presença possível, como os funcionários, professores, dirigentes associativos e crianças que por lá passaram, houve também tempo para lembrar Ferreira de Castro. O escritor que tão bem retratou a Covilhã, visitou a colectividade onde deixou vários livros. Por isso, foi dado o seu nome à biblioteca e a sua obra não foi esquecida na hora de nomear a nova escola, "A Lã e a Neve".
Nas paredes da colectividade foi erigida uma placa que lembra estas décadas de ensino na colectividade. Uma homenagem merecida a todos os que durante 60 anos passaram pela Escola do Bairro Municipal, festejada com um almoço que reuniu 210 pessoas, numa festa animada pelos bombos da Erada.