Carla Loureiro
NC/Urbi et Orbi


Para Manuel Frexes a Central é desajustada para as necessidades dos municípios

A Central de Compostagem, da Associação de Municipíos da Cova da Beira (AMCB), está a preocupar o presidente da Câmara Municipal do Fundão. Manuel Frexes teme que a falta de uma Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) possa provocar um "acidente ambiental". Frexes, que visitou recentemente a Quinta das Areias, onde está instalada a Central, manifestou a sua apreensão na última reunião do executivo fundanense, na quinta-feira, 19. O autarca constatou que as lagoas onde estão depositados os efluentes, "altamente poluentes, estão muito próximas de estar cheias" e com as chuvas que se aproximam, estas correm o risco de verter, provocando um acidente ambiental. "Se isso acontecer vão envenenar o rio Zêzere, que abastece 3,5 milhões de pessoas em Portugal. Ao menos acordem, já que não é só o Fundão que está em causa, porque Lisboa também pode ser envenenada com estas matérias", alerta o edil fundanense, que não percebe como é que o Governo abre uma Central de Tratamento de Resíduos sem uma ETAR.
Manuel Frexes informou o executivo camarário de que pediu uma reunião de emergência com o ministro do Ambiente, Isaltino Morais, onde devem participar, também, a empresa Águas do Zêzere e Côa e a AMCB.

"Unidade mal concebida"

Recorde-se que e à semelhança do que se passou durante a campanha eleitoral para as autárquicas, Manuel Frexes reafirma que a Central de Compostagem sofre de um conjunto vasto de problemas, que vão desde o não pagamento por parte de alguns municipíos "depositantes de lixo", até à paragem das obras de construção de ecocentros e estações de transferência de lixo, que podem implicar a perda de quatro milhões de euros, provenientes do III Quadro Comunitário de Apoio. "Foi uma unidade mal concebida e, como diz o povo, aquilo que nasce torto, tarde ou nunca se endireita", sublinha Frexes. E prossegue: "A Central de Compostagem iria servir seis municipíos. Contudo, acabou por abranger 14. Hoje em dia temos municipíos a 100 quilómetros de distância que depositam lixos aqui. É tudo desajustado e errado". O presidente fundanense sugere, por isso, que "se este desastre ambiental se vier a verificar, deveria ser suspensa a actividade da Central durante 30, 60 ou 90 dias".
O presidente da Associação de Municipíos admite que as lagoas aumentaram com a queda das primeiras chuvas, "o que é perigoso". José Manuel Biscaia esclarece que a transferência de resíduos para a Águas do Zêzere e Côa, mudança do Governo e do Conselho de Administração do Instituto de Águas de Portugal atrasaram o processo de construção da ETAR. O responsável pela Associação escreveu à concessionária da unidade, a HLC, de modo a obter informações relativamente ao tratamento dos lixiviados. Biscaia diz que se isso não acontecer até ao fim desta semana, a AMCB vai proceder ao aluger ou compra de uma Estação de Tratamento Compacta, substituindo-se à HLC nessa falha. "Não está a cumprir, o que pode levar, eventualmente, à cessação do contrato", admite Biscaia.