Por Ana Maria Fonseca



O preço da refeição nas cantinas da Boavista e de Santo António custa, a partir de hoje, 1 euro e 75 cêntimos

Os aumentos que surgem hoje nos preçários de bares e cantinas da UBI, resultantes de uma indexação destes preços ao salário mínimo nacional decidida pelo Conselho Nacional para a Acção Social no Ensino Superior afectam também o valor das rendas nas residências universitárias.
O alojamento para os alunos bolseiros da UBI passou este mês para 52 euros (dez mil e quatrocentos escudos), enquanto o alojamento para os não bolseiros passou para 85 euros (17 mil escudos). Aumentos na ordem dos 62,52 por cento para os alunos bolseiros e livres para as universidades fixarem em relação aos alunos não bolseiros.
A refeição social também foi indexada ao salário mínimo nacional, representando 0, 5 por cento, ou seja, cerca de um euro e 75 cêntimos, preço que agora custa uma refeição na cantina da Boavista ou de Santo António.
Na cantina Melo e Castro os preços aumentaram 25 cêntimos, passando de 4 para 4,25 euros (850 escudos). No snack da Ernesto Cruz a refeição custa agora mais 10 cêntimos (20 escudos). Só o snack das engenharias mantém o mesmo preço.
Também nos bares os aumentos rondam os cinco cêntimos, embora haja produtos que não aumentem de preço. O café passa agora a custar 40 cêntimos.
O administrador dos Serviços de Acção Social da UBI (SASUBI), Silva Raposo, concorda com a indexação dos preços ao salário mínimo.
"A vantagem desta proposta é que quando sobe o salário, sobe a bolsa de estudo e são actualizados os preços das refeições sociais e do alojamento. O preço dos quartos já não era actualizado há quatro anos", refere.
Este aumento só influência os alunos não bolseiros que vivem nas residências universitárias, uma vez que o valor do alojamento para os alunos bolseiros é dado pelos SASUBI, através de um complemento para alojamento. Quanto aos não bolseiros, o preço aumenta e cada universidade é livre, segundo o despacho do Ministério da Ciência e do Ensino Superior, de fixar os preços que entender.
Silva Raposo diz que os SASUBI só serão beneficiados com o aumento de preços relativamente à alimentação, e ao alojamento de alunos não bolseiros mas que, mesmo assim, estes não representam valores significativos.
"O que o Estado contempla no orçamento dá para pagar as bolsas de estudo e para pagar aos funcionários. Tudo o resto, água, luz, gás, comida, limpeza dos quartos etc., é suportado com receitas próprias", justifica, acrescentando que era necessário um ajustamento. "Cortaram-nos cerca de 20 mil euros (quatro mil contos) para o ano que vem. Não há milagres, por isso temos de o ir buscar a algum lado", afirma.
A Associação Académica da UBI não concorda com este aumento de preços e, segundo Ana Cruz, apesar desta medida de indexar os preços ao salário mínimo ser a nível nacional, "põe em risco a situação dos alunos bolseiros e dos não bolseiros". A presidente da AAUBI acredita que esta medida pode causar um aumento generalizado de preços também na cidade relativamente às casas e aos cafés. "É uma concorrência que não é leal porque os Serviços Sociais deviam prestar um apoio que resultaria em preços mais baixos", defende.
Assim, os representantes da AAUBI presentes no Conselho de Acção Social votaram contra esta medida e fizeram uma campanha de recolha de protestos nas cantinas e no snack do Polo IV.
"À partida, pelo que conseguimos apurar junto dos alunos, todos estão em desacordo com o aumento de preços. Estamos a falar de cerca de quatro mil e 500 estudantes", refere.
A AAUBI não concorda com o aumento de preços generalizado e em particular nos serviços de apoio social, uma vez que estes servem para "tapar buracos financeiros que não são sustentados pelo Orçamento de Estado".

 






Cantinas inspeccionadas em Outubro



Na edição de Outubro, a revista Proteste publicou um estudo sobre cantinas universitárias onde não apareciam cantinas da UBI. Silva Raposo explica que não houve recusa a responder a qualquer inquérito, mas que este apenas ficou esquecido em cima da mesa.
"O que aconteceu foi que o inquérito acabou por não ser enviado de volta à redacção da revista", garante Silva Raposo, continuando, "A Proteste pediu um inquérito em Outubro de 2001 a que respondemos. Em Novembro seguinte, enviaram novo inquérito e, como era mais longo, ficou em stand by, nunca mais nos lembrámos dele, porque também nunca mais nos contactaram nesse sentido. Acabámos por não responder", explica.
Na revista pode ler-se precisamente que contactaram 30 e responderam 20 e que "os restantes não responderam, impediram que realizássemos inspecções às cantinas ou foram colocando sucessivos entraves". "O nosso caso foi exactamente não termos respondido", salienta Silva Raposo.
O administrador dos SASUBI concorda com este tipo de iniciativas. "Devemos estar sempre a actualizar os padrões de qualidade", refere.
A UBI tem adjudicada uma empresa de controlo de qualidade que periodicamente inspecciona as instalações, faz análises à comida, aos utensílios, aos próprios cozinheiros e dá formação aos funcionários.
"Temos condições hoje nas cozinhas, que muitos restaurantes e hotéis não têm.
Mas damos milhares de refeições e às vezes há descuidos. Falta formação e controle.
Acredito que isto faz falta, tem de ser regulamentado", defende, apesar de as cantinas universitárias terem "uma das legislações mais rigorosas".
Silva Raposo não teme a inspecção que será levada a cabo pela Direcção Geral da Fiscalização e Controlo da Qualidade Alimentar durante o mês de Outubro. Esta inspecção foi pedida pelos Ministérios da Ciência e do Ensino Superior e da Agricultura e surge após a publicação do estudo da Proteste que aponta como principais causas da "nota negativa" em 18 de 20 cantinas analisadas, o mau funcionamento das instalações e a falta de higiene com os alimentos.
"Acredito que as cantinas da UBI estão dentro de um bom padrão de qualidade.
Estamos a tentar seguir as indicações que a própria legislação indica e vamos informar a própria Deco que quando quiser, pode cá vir", conclui Silva Raposo.