Empresário refuta acusações da União de Sindicatos
Brasileiros ilegais "explorados"

NC/Urbi et Orbi


A União de Sindicatos de Castelo Branco (USCB) acusou, na semana passada, o empresário António Nunes Martins, proprietário de várias unidades hoteleiras no concelho albicastrense, de ter ao serviço das suas empresas cerca de 30 trabalhadores brasileiros ilegais. Luís Esperança, da USCB, diz que o empresário "está a explorar desenfreadamente" os cidadãos, aproveitando-se da sua situação ilegal. De acordo com o sindicalista, os emigrantes que trabalham nos restaurantes de António Nunes Martins entram às 10 horas e saem às 14 horas e 30, voltando a entrar às 19 horas. Mas nos intervalos laboram nas obras de construção civil que o mesmo indivíduo promove. Por outro lado, os que trabalham preferencialmente na construção civil, cumprem nas obras um horário das 8 às 17 horas, seguindo depois para os restaurantes do empresário, perfazendo uma jornada laboral de 12 horas diárias. Segundo Luís Esperança, os brasileiros auferem no total, cerca de 1,45 euros por hora. A estes valores, Nunes Martins, diz o sindicalista, deduz descontos para a Segurança Social que não são entregues, mantendo os cidadãos numa situação de ilegalidade e à margem da legislação laboral que os proteja. Esperança denuncia que o empresário desconta ainda ao salário dos trabalhadores um valor não especificado pela dormida numas antigas pocilgas, transformadas posteriormente em sete pequenos quartos. Aquele responsável sindical afirma que a alimentação oferecida aos trabalhadores é feita à base de restos dos restaurantes.
A União de Sindicatos denunciou a situação à Embaixada e Casa do Brasil, que manifestaram vontade de tomar providência. Também o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e Instituto de Desenvolvimento e Inspecção das Condições de Trabalho (IDICT) de Castelo Branco foram postos ao corrente.
O empresário António Nunes Martins rejeita parte das acusações, embora admita ter cinco cidadãos brasileiros em situação ilegal. "Tenho três legalizados e, quanto aos restantes, fiz de tudo para os legalizar. Sinto-me revoltado porque a lei não o permite", esclarece.