Por Paulo Galhardo




A Biblioteca Central está em funcionamento há um ano

A Universidade da Beira Interior, em franco crescimento nos últimos anos, deparou-se com uma necessidade emergente, a de encontrar um espaço suficientemente grande para substituir as bibliotecas já muito limitadas distribuídas por vários espaços da UBI. Foi o antigo edifício dos Serviços Municipais da Covilhã o local escolhido para, depois de uma renovação, albergar a actual Biblioteca Central - Serviços de Documentação da UBI.
Joana Dias, actual coordenadora, salienta a complexidade do funcionamento deste espaço, e o forte investimento que representa, mostrando-se já, um ano passado, como inovador e "uma aposta ganha", que lutou contra os "velhos do Restelo" que, "nada pacíficos" criticavam as dimensões e objectivos da instituição.
Actualmente com um horário fixado entre as 9 e as 23 horas, nos dias úteis e também durante as manhãs de sábado, a Biblioteca estabelece um recorde de horas de funcionamento entre as suas congéneres públicas. O número de 400 utilizadores diários, valor médio e estimado contabilizando os meses não lectivos do ano, é impressionante.
No último ano, conta Joana Dias, o espaço foi já visitado por muitos milhares de pessoas, para além dos universitários e docentes. "Já é comum outras pessoas utilizarem e visitarem o edifício, que agora se encontra com a porta à face da estrada. Muita gente tomou conhecimento de que podia sempre recorrer a nós" afirma a coordenadora.
"A cidade da Covilhã, que possui também uma recente biblioteca municipal, só tem a ganhar. Há quem venha para visitar e fotografar as instalações, mas também à procura de livros técnicos que não compete a uma biblioteca municipal ter. Se as duas desenvolverem bem as suas actividades, então teremos uma cidade muito mais rica e uma região em franco desenvolvimento", opina a responsável.
Aponta como foi extremamente benéfica a mudança de instalações, "podemos agora concentrar a nossa documentação num único espaço, onde o acesso aos livros é muito mais fácil e livre, quadruplicamos as áreas de estudo, possibilitamos o contacto com os meios tecnológicos de que muitos precisam, e temos um horário mais abrangente".


Com a mudança de instalações o acesso aos livros tornou-se mais fácil



Inovar os Serviços de Documentação


A comemoração do primeiro ano de funcionamento é um momento importante. Na sua opinião, "atravessámos a fase crítica, o início não foi nada pacífico, conseguimos num curto período de tempo preparar as novas instalações e transferir muito material, ainda que haja mais planos de desenvolvimento, só limitados pelas restrições orçamentais que o país atravessa. Exige-se às instituições públicas uma melhoria dos serviços mas depois faltam as condições deitando por terra alguns dos objectivos. Há uma lacuna na capacidade de distinção de quem é realmente produtivo".
Ainda assim foram adquiridas no último ano cerca de seis mil obras, e constituído o "grosso" do espólio em suporte multimédia que se prevê continue a crescer. Além disso, está a ser desenvolvido e implementado um novo "software" de gestão da biblioteca, que poderá revolucionar o conceito actual.
Desenvolvido em parceria com uma Multinacional, a UBI irá, até ao final deste ano, tentar disponibilizar o "software" que deverá permitir, a partir da Internet, consultar os títulos dos documentos existentes no inventário da UBI, consultar as versões digitais se existentes, aceder a uma área de utilizador que permite fazer requisições ou sugestões de livros, verificar se é possível prolongar a extensão de empréstimo dos livros, entre outras funcionalidades de cariz interno aos serviços de documentação. "É um forte investimento da UBI na inovação e modernização dos recursos informáticos, não só local mas também nacional" comenta Joana Dias.
Um espaço com tanta afluência tem também limitações. Na opinião de alguns utilizadores estas passam pelo excesso de ruído, falta de vários exemplares do mesmo livro, falta de alguns livros constantes das bibliografias dos docentes, distribuição ou falta de livros deslocados para a biblioteca do Pólo IV, falta de mais equipamentos informáticos e softwares, necessidade de um horário mais alargado da Biblioteca e do seu bar social.
Perante estas limitações, a responsável foi peremptória, "é claro que hoje em dia, o método e os instrumentos de estudo são diferentes do que eram há 50 anos, mas a queixa do barulho é mútua, nós pedimos às pessoas que baixem o tom de voz, desliguem os telemóveis, evitem provocar ruídos. Alguns colaboram, mas outros não. Na biblioteca não há censura, nem queremos privar as liberdades, mas há indivíduos que têm uma certa falta de consciência cívica. É necessário educar e civilizar comportamentos e disposições". E prossegue explicando de como "com as restrições, não podemos de todo alargar o nosso horário de funcionamento, o do bar depende dos serviços sociais, mas sei que estão a estudar a possibilidade de alargar um pouco mais o seu horário". Quanto ao material informático, refere que este "tem de facto uma utilização intensiva mas não é possível actualmente aumentá-lo. Contudo, em estreita colaboração com o Centro de Informática tenta-se, sempre que possível, adequar os "softwares" às necessidades", explica, acrescentando que "o conceito de utilização dos computadores também deve passar pela verdadeira necessidade e solidariedade entre os alunos".
O novo "software" a ser desenvolvido, "irá possibilitar saber quais os documentos mais requisitados e utilizados, dos quais iremos adquirir mais exemplares para satisfazer a procura" conclui.
Joana Dias afirma-se satisfeita com a prestação da Biblioteca no último ano, e acredita que há espaço para melhorar, cabendo aos utilizadores e aos funcionários tudo fazer para dignificar a Biblioteca e a UBI como instituição.


"Até as coisas chegarem à estante, há um mundo de trabalho que ninguém vê"

Joana Dias é a coordenadora da Biblioteca Central


Joana Fonseca Lopes Dias, natural e residente no Fundão, actualmente com 32 anos, licenciada em História pela Clássica de Lisboa. Não estudou para leccionar, o seu primeiro emprego foi numa biblioteca onde desde logo pôde confirmar a sua vocação.
Como trabalhadora-estudante, conseguiu uma das 30 vagas em Ciências Documentais para os mais de 300 candidatos que queriam tirar a especialidade.
Regressou à Covilhã onde actualmente ocupa o cargo de Coordenadora dos Serviços de Documentação- Biblioteca Central e a Biblioteca do pólo da Carpinteira.
"Até as coisas chegarem à estante, há um mundo de trabalho que ninguém vê, raramente as pessoas percebem que significam muitas horas de trabalho a muita gente" afirma Joana Dias.
"A gestão da Biblioteca é muito mais complexa do que aparenta, é necessário levar a cabo árduas tarefas de gestão dos recursos, humanos, de informação, do que é necessário comprar e do que não se deve, bem como o tempo útil de que as coisas precisam até chegar à estante.
Um coordenador, faz tudo isto com o apoio dos vários serviços da instituição, os Serviços Técnicos e os Serviços Sociais de entre outros, todos são fundamentais para um bom funcionamento deste espaço, é necessário articular e é para isso que ele surge".



 



Um espaço aberto a toda a comunidade



A Biblioteca Central da Universidade da Beira Interior



Um espaço vocacionado para servir a comunidade universitária mas aberto a todos, equipado como uma muito apreciável obra, uns actuais 6 mil metros quadrados úteis, casa de um espólio invejável, cerca de 65 mil livros, milhares de revistas e outras publicações impressas, mais de 500 DVD's, muitas videocassetes e discos compactos (CDs).
Foco de desenvolvimento regional e nacional, equipado com as modernas tecnologias de informação, permite o acesso a milhares de pessoas que aí podem encontrar um espaço lúdico e também preparado para ser um instrumento de desenvolvimento pessoal, mesmo de actualização técnica e especializada.