Por Eduardo Alves


Fernando Paulouro falou sobre a importância do municipalismo na vida cultural

No Salão Nobre da Câmara Municipal da Covilhã mais de uma centena de pessoas desafiaram a noite chuvosa para ouvir falar de cultura. Uma temática cada vez mais referida, mas também mais difusa.
A autarquia covilhanense convidou Fernando Paulouro, director do semanário "Jornal do Fundão" para apresentar algumas considerações sobre a vida cultural e o municipalismo. O jornalista haveria de dizer, na sua intervenção, que "a cultura é o sonho e a forma de romper com os arcaísmos". Definição necessária para fazer entender que "todo o pensamento e acção cultural devem ser valorizados". Do ponto de vista do orador, Portugal é hoje um País partido em duas metades. "Há uma parte pobre, e uma parte rica. A pobre é a do interior", refere Paulouro.
As recordações das ruas estreitas da Covilhã, do som dos teares e do forte movimento associativo, levaram o director do Jornal do Fundão a traçar uma cronologia das políticas culturais em Portugal a partir do microcosmo da "cidade neve". Uma urbe povoada de memórias culturais e considerada por Paulouro como "um repositório de memórias" onde o associativismo cultural teve um papel fundamental.
Tempo em que a cultura ainda não estava "padronizada e indiferente". A voz de Paulouro ganha alguma tristeza quando refere que hoje "o homem é cada vez mais a medida de coisa nenhuma". Esta situação surge "quando um povo, e não só os políticos, ficam ausentes da sua cultura", sublinha o jornalista. Antes mesmo de repensar a ligação do Estado e do poder local à cultura, Paulouro considera fundamental "trazer de novo a sensibilidade à vida das pessoas".
A apresentação do orador da sétima sessão deste ciclo de conferências, promovido pela autarquia covilhanense, ficou a cargo de António Fidalgo, professor do Departamento de Artes e Letras da Universidade da Beira Interior. Fidalgo referiu que "o significado e importância do orador não dependem só do que se diz, mas também de quem o diz", merecendo especial destaque o facto de Fernando Paulouro ser "um homem comprometido com as suas terras e as suas gentes na luta pela cidadania".