João Alves
NC/Urbi et Orbi


Foram 43 as explorações nacionais em que se detectaram anomalias na produção de aves

"Felizmente, podemos dizer que não há nenhum caso detectado e que nenhuma exploração se encontra sob sequestro". É esta a garantia deixada pelo sub-director da Direcção Regional de Agricultura da Beira Interior (DRABI), Luís Costa, quanto à eventual possibilidade de alguma das 43 explorações do País que se encontram "interditas" estarem na área de influência da Cova da Beira.
Recorde-se que na passada semana o secretário de Estado Adjunto do Ministério da Agricultura, Frazão Gomes, revelou que uma substância cancerígena e de utilização proibida fora detectada em frangos, perus e codornizes de 43 explorações de aves portuguesas. O nome da substância é o nitrofurano. Todas as aves em que fosse detectada esse produto teriam que ser abatidas, impedindo assim a sua entrada na cadeia alimentar. Para além disso, todas as explorações em que foram encontradas aves nessas circunstâncias foram "suspensas" de exercer qualquer actividade, até se conseguir o resultado de umas segundas análises aos animais. Porém, a Direcção Geral de Veterinária admitia que algumas das aves em causa já tinham entrado no mercado, uma vez que as amostras foram recolhidas em Junho, Julho e Agosto do anos passado e, em média, um frango pode demorar menos de 40 dias a ser produzido.
Na Beira Interior, no entanto, o problema, em termos de produção, não se coloca, segundo a DRABI, já que todos os aviários estão limpos. Porém, Luis Costa ressalva que pode haver aves dessas na cadeia alimentar, uma vez quer as grandes superfícies, bem como os supermercados, não vendem apenas frangos ou codornizes da região, mas sim de todo o País. O que o sub-director da DRABI garante é que nenhuma ave da Beira Interior é portadora da substância. E salienta que a DRABI costuma efectuar análises períodicas às explorações que, por sua vez, são analisadas posteriormente pela Direcção Geral de Veterinária.

Matéria criminal

Entretanto, também na semana passada, a Associação Nacional de Centros de Abates e Indústrias Transformadoras de Carne de Aves (ANCAVE), em comunicado, mostrou-se preocupada com a notícia que revelava a existência da substância e congratulava-se com as medidas preventivas tomadas até ao momento. Porém, esclarecia que a carne de aves portuguesa era controlada pelo Estado, com a obrigatoriedade de permanência de Inspectores Veterinários Oficiais nos Centros de Abate. Por isso, exigia uma resposta rápida do Laboratório Nacional de Investigação Veterinária (LNIV) e caso se confirmem as suspeitas de utilização de nitrofurano, esta é matéria criminal. Por isso, a ANCAVE "apoiará as medidas a tomar" pelo Ministério da Agricultura, para punição dos prevaricadores que "atentam contra a saúde pública. Não iremos permitir que o pequeníssimo número de eventuais faltosos coloquem sob suspeição todo um sector que se orgulha de ser uma das principais fontes alimentares dos portugueses". E responsabiliza o Estado pela controlo "rigoroso da utilização de medicamentos de uso veterinário".