Ciclo de avaliações
Melhorar o ensino

A UBI acolheu na última semana comissões que avaliaram alguns cursos. Ensino da Física e da Química e Ciências do Desporto foram as licenciaturas analisadas.

Por Inês Monteiro e Mário Ramos


Estas avaliações resultam de uma acção organizada pela Comissão Nacional de Avaliação do Ensino Superior que está na dependência da Fundação das Universidades Portuguesas.
Cada comissão, composta por professores e especialistas numa determinada área do conhecimento, realiza visitas de avaliação a todas as universidades públicas que ministram licenciaturas nessa área.
No final de cada avaliação é produzido um relatório síntese geral onde são identificados os aspectos positivos e negativos de cada licenciatura. Com base neste documento as universidades deverão efectuar as alterações conducentes à resolução dos problemas detectados.

Ensino da Física e da Química

Carlos Fiolhais, da comissão que está a avaliar a licenciatura de Ensino da Física e da Química, refere que "este é um trabalho importante porque pretende apurar a qualidade dos cursos. É necessário discutir para que se adaptem aos fins que perseguem". Nesta licenciatura, é possível analisar as consequências da realização destas avaliações. Avaliada pela primeira vez em 1999, a licenciatura de Ensino da Física e da Química procedeu a um conjunto de transformações sugeridas pela comissão.
Albertina Marques, presidente do Departamento, recordou a "necessidade de reestruturar o curso. A licenciatura era apenas de ensino da Física e passou a incluir também o ensino da Química", refere. Para Carlos Fiolhais, esta transformação foi "benéfica porque permitiu aos alunos obter uma formação mais alargada".
Após o debate com as partes envolvidas, na quinta feira, a comissão transmitiu uma opinião positiva. Referiu algumas sugestões porque "têm como função ultrapassar as falhas observadas", defendeu Carlos Fiolhais. Mas considera que está a promover licenciados com uma "formação sólida, com boas perspectivas para obter um emprego".
Se um curso alcançar um resultado muito negativo é natural que isso tenha consequências. Carlos Fiolhais defende que "uma instituição séria, confrontada com um relatório muito crítico, tem que aplicar algumas medidas. A universidade pode decidir reestruturar o curso ou, em caso extremo, extingui-lo. Mas tem que ser uma iniciativa da Universidade", concluiu o investigador.

Ciências do Desporto

O curso de Ciências do Desporto está englobado na área da "Saúde e Bem-Estar Social" e é pela primeira vez avaliado na UBI.
Nesta visita a Comissão conheceu as instalações comuns da Universidade e os locais específicos onde este curso trabalha. Os avaliadores tiveram ainda a oportunidade de contactar com todos os actores deste curso; docentes, alunos e funcionários.
Segundo Luís Carrilho, vice-reitor da UBI, "aquilo que, de um modo geral se classifica como pontos fracos nesta licenciatura, no âmbito nacional, são a falta de instalações ou instalações que não foram construídas para os fins necessários e a carência de recursos humanos, como a falta de docentes doutorados". No caso específico da UBI, o vice-reitor avança que "existem apenas dois doutorados, quando deveria existir, talvez, dez dado o número de alunos que actualmente frequentam o curso". Mesmo assim, Luís Carrilho salienta que as expectativas, relativamente, a esta avaliação "são boas", apesar de conhecer as principais lacunas desta licenciatura, nomeadamente a falta de instalações próprias.
O vice-reitor revela ainda que Santos Silva, Reitor da UBI, tem trabalhado de modo a que as novas instalações para este curso sejam construídas com "a maior brevidade possível". No entanto, sem o auxílio do Ministério da Ciência e do Ensino Superior, a universidade não pode "tomar a iniciativa de, por si só, fazer esse tipo de investimento, uma vez que se trata de uma obra que envolve bastante dinheiro".

Um presidente optimista com alunos descontentes

Fernando Almada, presidente do Departamento de Ciências do Desporto, mostrou-se satisfeito e muito optimista, relativamente à avaliação que o curso irá ter. O presidente do Departamento não deixou de elogiar o curso, referindo que "a licenciatura de Ciências do Desporto é, hoje em dia, um curso competitivo em termos nacionais, situação que se denota através do nível dos candidatos e das saídas profissionais que o curso oferece".
Apesar de todo este optimismo, Fernando Almada admite a existência de algumas falhas que se tornam um factor condicionante para o desempenho escolar dos alunos. A falta de infra-estruturas para a realização de aulas práticas e a precariedade do quadro de docentes e funcionários são uma grave realidade neste curso. "Toda a gente conhece o problema de verbas que se vive. Temos um projecto aprovado, o que falta é passar-se à sua construção mas para isso é preciso dinheiro", relata Fernando Almada.
No que respeita à qualificação dos docentes deste departamento, o presidente salienta que "a sua qualidade é muito boa, se pensarmos na capacidade funcional que têm".
O presidente confessa ainda que esta licenciatura está "bem colocada ao nível nacional e, até mesmo, internacional", situação que o faz acreditar que o curso "esteja dentro das expectativas dos avaliadores e que tenha inclusive uma boa avaliação".
Mas se presidente do departamento encara esta avaliação de uma forma positiva, o mesmo não acontece com muitos dos alunos que frequentam este curso na UBI.
As queixas que chegam até à presidente de AAUBI são muitas. Na base do descontentamento apontam-se situações como a necessidade de alargar o quadro de docentes, a dificuldade em estabelecer uma comunicação eficaz com esses mesmo docentes e a falta de infra-estruturas.
Segundo Ana Cruz, "o problema que aqui se destaca como proeminente é, de facto, a questão pedagógica", adiantando mesmo que nesta avaliação a Comissão Externa "poderá constatar algumas situações que os alunos do curso sofrem na pele".
No que toca à construção do Complexo de Ciências do Desporto, a presidente da AAUBI considera que o financiamento estatal "é, de longe, insuficiente" pelo que o atraso não pode ser imputado apenas à UBI.