Pais, professores, estudantes e sindicato estão juntos contra o que consideram ser uma "guerra pessoal"
Paula Ramos afastada do cargo de directora pedagógica
EPABI em guerra

Os alunos da Escola Profissional de Artes da Beira Interior (EPABI) querem a "demissão das duas entidades proprietárias". Também os docentes mostram o seu desagrado perante a situação vivida na escola e iniciaram ontem uma greve que só terminará no sábado, dia 12.


Por Liliana Machadinha


Na tarde do dia 1, terça feira, a sede do Sindicato de Professores da Região Centro (SPRC) serviu de palco para uma conferência de imprensa, onde se expôs a actual situação vivida a Escola Profissional de Artes da Beira Interior.
As dificuldades sentidas pelos alunos da EPABI já eram muitas, mas a recusa do currículo de Paula Ramos na sua recandidatura ao cargo de directora pedagógica foi o rebentar da bomba. Antes os alunos já se tinham queixado de outros problemas com a falta de uma cantina, de um bar, de aquecimento nas salas e as más condições das instalações da escola. Mas agora a situação é mais delicada já que se vive um ambiente de "instabilidade, preocupação, desconfiança e de ditadura", conforme afirma Rosa Estevão membro da Associação de Pais.
A situação de fragilidade da EPABI prende-se com o facto da direcção da escola, depois de reunir com uma das entidades proprietárias, a Câmara Municipal, ter recusado o cargo de directora pedagógica a Paula Ramos, sem razões aparentemente válidas.
Segundo o SPRC, a abertura de vagas para docentes e do concurso para o cargo de directora pedagógica foi antecipada no mês de Fevereiro, quando só deveriam abrir no final do ano lectivo. Mas o maior problema surgiu quando foi recusado o currículo de Paula Ramos. A actual directora pedagógica, e candidata ao mesmo cargo, questionou a direcção da escola sobre o porquê da recusa do seu currículo. Foi-lhe explicado que não poderia continuar a trabalhar na instituição educacional por ser casada com Luís Cipriano, também professor na EPABI e igualmente dispensado. Quando esta situação se tornou pública, pais, professores, estudantes e Sindicato de Professores da Região Centro juntarem-se a Paula Ramos contra o que suspeitam ser uma "guerra pessoal" de Carlos Pinto com Luís Cipriano.
O SPRC enviou cartas à direcção da EPABI a pedir uma reunião para discutirem iniciativas e os problemas relacionados com o ensino profissional, mas não obtiveram resposta. Também a Associação de Pais continua à espera que a mesma entidade responda ao seu pedido de explicação. As queixas que ambas as associações apresentam referem-se à "pouca democraticidade" que a Direcção instaurou e dá como exemplos a marcação e desmarcação de concertos sem conhecimento da direcção pedagógica.
No que respeita aos docentes, a grande maioria está a favor da continuidade de Paula Ramos no cargo que ocupa. "A EPABI sem a Paula Ramos não funciona. É uma injustiça. A directora pedagógica criou, desenvolveu a aguentou a escola até nas piores situações", declara Guilhermino Fernandes, professor na instituição. A preocupação da classe docente prende-se ainda com o facto da Direcção não lhes dar explicações da situação vivida na escola e não lhes apresentar por escrito os critérios necessários para se concorrer aos cargos de professor e director pedagógico. "Todos temos medo. É verdade que não há cargos eternos, mas devíamos saber quais são os requisitos obrigatórios para trabalharmos. Agora foi a Paula Ramos, qualquer dia é outro de nós", continua Guilhermino Fernandes. Os docentes pedem ainda à Direcção da EPABI que "não destrua o que está bem, mas sim o que está errado".

Pais lutam pela escola

No passado sábado, dia 5, cerca de 50 pais de alunos da EPABI tentaram entrar na escola para uma reunião onde pretendiam debater os problemas vividos pelos seus filhos ou educandos. Quando se preparavam para entrar no edifício, foi-lhes barrada a entrada pela direcção escolar, pelo que a reunião decorreu em pleno Jardim Público.
Durante a discussão ficou assente o recurso a um advogado que esclareça se a Direcção pode ou não proibir a entrada dos encarregados de educação na escola.
Ficou ainda decidido que serão enviadas cartas ao Presidente da República, ao Ministério da Educação e à Associação Nacional de Escolas Profissionais (NESPO), procurando-se assim informar estas entidades sobre a realidade que a EPABI atravessa neste momento.
Ontem, segunda feira, 7, os professores da EPABI deram início a uma semana de greve. Segundo dados do sindicato, no primeiro dia a adesão rondou os 40 por cento. Para a próxima quinta feira, está agendada uma reunião entre os pais dos alunos e a direcção da escola. Um dos objectivos do encontro será discutir problemas como a precariedade das instalações e a possível substituição de Paula Ramos no final do ano lectivo.