Por Carlos Borges


A Gala da Lusofonia está marcada para o dia 30 de Abril no Teatro Cine da Covilhã

"A mensagem que pretendemos fazer passar é que, apesar das diferenças culturais somos seres humanos, espirituais sentindo tudo com a mesma autenticidade que qualquer outro semelhante a nós. Só te sentirás integrado quando estiveres com pessoas diferentes". São estas as palavras do "Projecto Festa da Lusofonia" na nota de apresentação à comunicação social.
Segundo Tatiana Veiga, coordenadora do projecto, a ideia deste evento surgiu há precisamente três anos, por ocasião das comemorações do Dia de África. Posteriormente, a Festa da Lusofonia passou a incluir todos os países que falam português uma vez que a UBI recebeu estudantes timorenses e brasileiros. "A interculturalidade e partilha de valores comuns", são os objectivos primordiais deste evento. "Nós somos embaixada da Paz. Não devemos ser produtos, mas produtores da cultura" sublinha Tatiana Veiga.
A Gala da Lusofonia, que decorrerá no dia 30 de Abril, vai juntar no mesmo palco, pessoas oriundas de diversos países de língua portuguesa, num intercâmbio de culturas que integram o espaço lusófono. A primeira parte do espectáculo está reservada ao desfile de moda produzido por Jamal em parceria com a sua agência de moda "Divas e Divinos". O espectáculo inclui ainda danças tradicionais de cada país, declamação de poemas e a actuação da artista convidada Sara Tavares.
Mas o programa não se resume à Gala. Para o dia 28 está programada uma tertúlia com a presença de Maria da Luz Ramos, da Universidade Técnica de Lisboa e no dia 29, às 19 horas, o anfiteatro 1 da UBI recebe a conferência sobre a Comunidade dos Países da Língua Portuguesa (CPLP), proferida por Onésimo Silveira, embaixador de Cabo Verde em Portugal.
Para além do intercâmbio de culturas, o Festa da Lusofonia visa também "promover a UBI e a Beira Interior, dinamizar os cursos de Design Têxtil e do Vestuário, Multimédia, Ciências da Comunicação e desenvolver as potencialidades artísticas dos estudantes da academia", afirma Tatina Veiga.
A falta de patrocínios é a principal dificuldade com que a organização se tem deparado. "É um projecto com uma mensagem de solidariedade e interculturalidade entre os lusófonos", salienta a coordenadora, para quem os apoios têm sido muito limitados porque "as pessoas não percebem a dimensão deste projecto". Segundo esta responsável, a universidade deveria ter um papel mais interventivo, no sentido de disponibilizar mais apoios, inclusivamente financeiros. "Estamos apreensivos porque faltam duas semanas para o arranque das actividades e praticamente até agora não recebemos qualquer apoio", confessa a coordenadora, apontando o preconceito em relação ao projecto como causa da fraca adesão das entidades públicas e privadas. Para Tatiana "há uma conotação rácica e cultural deste projecto. As pessoas entendem o Projecto da Lusofonia, como algo só dos africanos. Isto é ou não um preconceito?" interroga.
Apesar das imensas dificuldades financeiras e das barreiras encontradas, a coordenadora do projecto não vai baixar os braços e nem sequer admite a hipótese de "abandonar o barco porque haverá sempre quem surja com ideias novas. Estes constrangimentos só nos dão mais determinação e coragem para prosseguir", garante.
Tatiana Veiga exorta as pessoas a "perceber o outro e não olhá-lo como estranho, mas como elemento de um todo que é a sociedade". A coordenadora do projecto acredita ainda que até o arranque do evento, todos os preconceitos possam desvanecer e que as pessoas apercebam da dimensão e a essência deste evento e o apoiem.