Por Hugo Ribeiro


Mota Amaral lembrou que a Revolução dos Cravos permitiu a distribuição de poderes

"Há um grande trabalho a realizar para que os princípios da liberdade e da democracia, o respeito pelos direitos humanos e a solidariedade sejam cada vez mais uma realidade concreta na vida de todos os portugueses", afirma João Mota Amaral.
Em vésperas da comemoração do 29º aniversário do 25 de Abril, o presidente da Assembleia da República deslocou-se até à Covilhã na passada terça feira, 22, para participar no Ciclo de Conferências " Século XXI Perspectivas". Na iniciativa, organizada pela autarquia, esteve em debate o tema " 25 de Abril: Democracia e Liberdade".
A necessidade de rejuvenescer a mensagem da liberdade foi o desafio que João Mota Amaral apresentou: "se não há paz sem liberdade, não há liberdade sem justiça". Como a maioria da população portuguesa nasceu depois de Abril de 74, teme-se que o assunto da Revolução dos Cravos esteja esquecido, na medida em que se vive para o imediato e despreza-se "o compromisso das gerações passadas com as futuras", refere.
Para além de ter sido um marco na história de Portugal, a revolução não foi apenas de âmbito militar. Com ela, desencadeou-se um grande surto de progressos, no que respeita à entrada em vigor da Constituição de 76, à liberdade da imprensa, ao respeito dos presos políticos e à evolução das mentalidades.
Ao mesmo tempo, o poder local democrático permitiu ao País uma efectiva distribuição de poderes. "De um poder concentrado em Lisboa, em que todo o País era tributário, passámos a ter um poder partilhado com base democrática, que dá uma nova vitalidade às distribuições municipalistas", explica.
Para o presidente da AR, os portugueses só terão uma melhor qualidade de vida quando se der solução aos problemas rurais e à criminalidade. Num período em que decorre uma contestação dos municípios à reforma da tributação do património preconizada pelo Governo, João Mota Amaral espera uma rápida e equilibrada solução do assunto, com vista na "satisfação dos nossos concidadãos". No final do seu discurso, deixou uma questão em aberto: "que posso eu fazer para melhorar Portugal?".
Carlos Pinto, presidente da Câmara Municipal da Covilhã, menciona a importância da realização desta iniciativa, por ser "um espaço para ouvir uma síntese de quem participa no grande órgão do Governo e para ver o caminho de sintonias com outros órgãos do poder".